Ignorar Comandos do Friso
Saltar para o conteúdo principal
sábado, 11-05-2024
PT | EN
República Portuguesa-Cultura Homepage DGLAB

Luís de Camões: O dia em que nasci morra e pereça / Il dì in cui nacqui che muoia e perisca.

Luís de Camões: O dia em que nasci morra e pereça / Il dì in cui nacqui che muoia e perisca.

Luís de Camões:  O dia em que nasci morra e pereça / Il dì in cui nacqui che muoia e perisca.




O dia em que nasci morra e pereça,
Não o queira jamais o tempo dar,
Não torne mais ao Mundo, e, se tornar,
Eclipse nesse passo o sol padeça.

A luz lhe falte, o céu se lhe escureça,
Mostre o Mundo sinais de se acabar,
Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,
A mãe ao próprio filho não conheça.

As pessoas, pasmadas de ignorantes,
As lágrimas no rosto, a cor perdida,
Cuidem que o mundo já se destruiu.

Ó gente temerosa, não te espantes,
Que este dia deitou ao Mundo a vida
Mais desgraçada que jamais se viu!

Il dì in cui nacqui che muoia e perisca,
Il tempo non lo voglia più ridare,
Al Mondo più non torni, o al suo tornare
D'un eclissi a quel passo il sol ferisca.

Perda la luce, il cielo se scurisca,
Dia al Mondo i segni del suo terminare,
Nascan mostri e piova sangue dall'aere,
La madre il figlio più non riconosca.

E le persone, attonite ed ignare,
Lacrime in volto e aspetto impallidito,
Pensino il Mondo giunto a fine trista

Gente impaurita, non trasecolare:
Questo giorno la vita ha partorito
Più disgraziata che si sia mai vista!


© Luís de Camões, D'amor sì dolcemente: cinquanta sonetti, a cura di Federico Bertolazzi, Valigie Rosse, 2019