Ignorar Comandos do Friso
Saltar para o conteúdo principal
sexta-feira, 26-04-2024
PT | EN
República Portuguesa-Cultura Homepage DGLAB

Skip Navigation LinksFlorbela

Florbela Espanca: Deixai entrar a morte / Make way for Death

Florbela Espanca: Deixai entrar a morte / Make way for Death

Florbela Espanca: Deixai entrar a morte / Make way for Death  

DEIXAI ENTRAR A MORTE

Deixai entrar a Morte, a Iluminada,
A que vem para mim, pra me levar.
Abri todas as portas par em par
Como asas a bater em revoada.

Que sou eu neste mundo? A deserdada,
A que prendeu nas mãos todo o luar,
A vida inteira, o sonho, a terra, o mar,
E que, ao abri-las, não encontrou nada!

Ó Mãe! Ó minha Mãe, pra que nasceste?
Entre agonias e em dores tamanhas
Pra que foi, dize lá, que me trouxeste

Dentro de ti?... Pra que eu tivesse sido
Somente o fruto amargo das entranhas
Dum lírio que em má hora foi nascido!...


© 1934, Florbela Espanca. Reliquiae.

MAKE WAY FOR DEATH

Make way for Death, the Illuminated,
Who comes to take me from this world.
Fling wide open all the doors
Like flapping wings of birds in flight.  

What am I here? The disinherited,
Who with her hands seized the moonlight,
The dream, the earth, the sea, all life,
Then opened her hands, and found nothing!

O Mother, dear Mother, why were you born?
Why, tell me, amidst such agonies
And horrid pains did you carry me

Inside you?... Just so that I could be
The bitter fruit that in evil hour
Was given birth by a lily’s womb!...


© Translation: 2015, Richard Zenith, 28 Portuguese Poets: a Bilingual Anthology. Dedalus Press, Dublin.