António Lopes Ribeiro
[Lisboa, 1908 - Lisboa, 1995]
Cineasta, poeta, jornalista e tradutor.
Cinéfilo desde os nove anos e até morrer, jornalista e crítico de cinema desde os dezassete, começa em 1926 a publicar semanalmente no Diário de Lisboa a primeira página mundial de cinema num diário e, em 1930, funda e dirige o semanário Kino. Colabora depois na revista Imagem e no Notícias Ilustrado; colabora desde a respectiva fundação no semanário infantil O Senhor Doutor e no jornal A Bola e ajuda também a fundar, em 1934, e a fazer renascer, em 1940, o Animatógrafo. Colaborará ainda em O Primeiro de Janeiro no Diário Popular.
Salvo nas crónicas de O Primeiro de Janeiro, «Coisas do Nosso Tempo», parcialmente publicadas em três volumes – Esta Pressa de Agora, Anticoisas e Telecoisas e Belas-Artes e Malas-Artes – e onde por vezes se afasta do cinema, é sobre esta arte que o apaixona que sempre escreverá nos jornais e nas revistas.
Em 1934, estreia-se em livro com O ABC do Cinema, que acabará por retirar da circulação. Depois de ter produzido e apresentado vários programas de cinema na rádio, inicia em 1957, na RTP, a série «Museu do Cinema». Em 1928 começa a traduzir legendas de filmes, actividade que não mais deixará, e é também nesse ano que dirigirá as suas duas primeiras curtas metragens.
Como realizador, guionista, dialogador e produtor, onde se centrou o mor da sua multímoda actividade, foi o «homem de cinema do Estado Novo» a que sempre se manteve coerentemente fiel. Dirigirá, assim, filmes assumidamente de propaganda, como A Revolução de Maio (1937) e Feitiço do Império (1939) e o documentário A Exposição do Mundo Português (1940), além de dezenas de curtas metragens e de jornais cinematográficos que são hoje documentos fundamentais para a história daquele regime.
Tradutor, nomeadamente de teatro – Tchekov, Courteline, Jacques Deval, Rudolf Bessier, Marcel Pagnol, Sommerset Maughan, Giraudoux, Bernard Shaw, Marcel Achard, Ionesco e muitos outros – fundou e dirigiu uma das mais importantes companhias de teatro português dos meados do século, «Os Comediantes de Lisboa».
Deixou inéditos um livro de poemas, Cancioneiro de Abril, e uma adaptação a musical de A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, além de uma tradução em verso, quase concluída, de Le Roman de la Rose, de G. de Loris e J. de Meug. Como poeta, colaborou na revista Atlântico e fez várias traduções para verso português de obras em inglês, francês e castelhano.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. IV, Lisboa, 1997