Romeu Correia
[Almada, 1917 - Almada, 1996]
Romancista e dramaturgo de raiz popular, exerceu actividade profissional como bancário.
Com a maior parte da sua obra de ficção situada na margem sul do Tejo, foi classificado inicialmente de populista, como que a meio caminho do neo-realismo. José Blanc de Portugal, na revista Flama, em Janeiro de 1965, ao considerar a estética do neo-realismo, escreveu: «O problema técnico do neo-realismo português era este: os mais adestrados literariamente pouco ou nada sabiam do povo; adivinhavam-lhe as dores e ignoravam-lhe as alegrias e, sobretudo, a cultura. [...] Romeu Correia [...] foi a primeira grande prova, para mim, de que a literatura estava de facto não já a encontrar o povo mas a exprimir-se como povo.»
Ligado ao associativismo operário, desportista exímio, os seus temas são extraídos à sua própria vivência do meio proletário e pequeno-burguês do concelho de Almada. Colaborador e activista do teatro amador, aí inicia uma carreira de autor dramático que o conduz ao proscénio do teatro nacional.
Luiz Francisco Rebello salienta que no seu teatro se combinam «habilmente elementos do teatro de fantoches e de feira, do circo, do melodrama populista e do teatro de vanguarda.» Uma vivência rica de raízes efectivamente populares e uma actividade cívica e cultural ímpar fizeram deste autor uma figura paradigmática do neo-realismo.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. IV, Lisboa, 1997