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quarta-feira, 05-02-2025
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Biografia

Biografia
                  

Luís de Sttau Monteiro  
[Lisboa, 1926 - Lisboa, 1993]  

Dramaturgo, romancista e jornalista.

Filho do embaixador de Portugal em Londres (1936-1943) Armindo Monteiro, partiu para Inglaterra aos treze anos de idade, aí vivendo a II Guerra Mundial. Licenciou-se em Direito e exerceu a profissão de advogado durante dois anos, após o que voltou para o estrangeiro, onde viveu por longos períodos.

Estreou-se nas letras, em 1960, com uma novela, Um Homem Não Chora, que logo o guindou a uma posição de primeiro plano, confirmada no ano seguinte por outra obra do mesmo género, Angústia para o Jantar, em que, no dizer de Óscar Lopes, se «denunciam impiedosamente certos preconceitos e ilusões dominantes».

Embora episodicamente haja retomado a escrita novelesca (E Se For Rapariga Chama-se Custódia, escrito na prisão em 1966, ou o romance inédito Agarra o Verão, Guida, Agarra o Verão, de que em 1984 extraiu a telenovela Chuva na Areia), o teatro absorveu daí em diante as suas atenções. Felizmente Há Luar, drama narrativo na linha do teatro épico brechteano, distinguido com o Prémio da extinta Sociedade de Escritores em 1962 e logo proibido pela censura, marca o início de uma obra não muito extensa mas muito significativa na sua corajosa defesa dos valores humanos essenciais: a liberdade, a dignidade humana, a justiça social.

Constituem-na as seguintes peças, na sua maioria traduzidas e publicadas em vários países: Todos os Anos pela Primavera (representada em 1963); O Barão, adaptação da novela homónima de Branquinho da Fonseca (1964); Auto da Barca do Motor Fora de Borda, transposição para a sociedade contemporânea do auto vicentino (1966); A Guerra Santa e A Estátua, duas peças num acto, que, pela sua violenta denúncia da ditadura e da guerra colonial, a censura apreendeu e custaram a prisão ao seu autor (1967); As Mãos de Abraão Zacut (1968); uma adaptação de A Relíquia de Eça de Queiroz, empreendida em colaboração com Artur Ramos (1970); Sua Excelência (1971) e Crónica Atribulada do Esperançoso Fagundes, revisão satírica de algumas fases cruciais da História pátria desde a fundação da nacionalidade até à revolução de Abril (1979).

Foi co-autor, com Alexandre O'Neill, dos diálogos da adaptação de Artur Ramos para o cinema da peça Pássaros de Asas Cortadas, de Luiz Francisco Rebello.

Cultivou também o jornalismo, onde se distinguiu por uma grande acutilância crítica e um estilo desenvolto de acentuada ironia, foi colaborador regular de várias publicações, fez parte dos conselhos de redacção de Almanaque e do suplemento «A Mosca», do Diário de Lisboa, onde criou a célebre figura da Guidinha, e dirigiu a publicação mensal Confidencial (1984-).

Editou a obra documental 5 de Outubro de 1910 (1975), escreveu os textos introdutórios para Cozinha Regional Portuguesa (4 vols., 1987-88), de Maria Odette Cortes Valente, e participou na obra colectiva Portugal: 4 Estações, publicada em 1991 pelo Instituto de Promoção Turística.

Nos anos sessenta traduziu autores como Salinger, Unamuno, Tennessee Williams, Harold Pinter, etc.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. V, Lisboa, 1998