Ignorar Comandos do Friso
Saltar para o conteúdo principal
quinta-feira, 25-04-2024
PT | EN
República Portuguesa-Cultura Homepage DGLAB

Skip Navigation LinksPesquisaAutores1

Biografia

Biografia
                  

José Luandino Vieira  
[Vila Nova de Ourém, 1935]  

Luandino Vieira
Pseudónimo de José Vieira Mateus da Graça, usou nomes como José Graça e José Muimbu.

Nascido em Portugal, viajou com três anos para Angola, viveu a infância e a juventude em Luanda. Com o eclodir da Guerra Colonial ingressou nas fileiras do MPLA e participou na luta armada. Foi preso em 1961, dois anos mais tarde desterrado para o Tarrafal, tendo sido libertado em 1972, sob o regime de residência fixa, passando a residir em Lisboa. Após o 25 de Abril regressou a Angola, nacionalizou-se angolano, e exerceu diversos cargos, tendo dirigido a Televisão Popular de Angola, o Departamento de Orientação Revolucionária do MPLA e o Instituto Angolano de Cinema, sendo ainda membro fundador e secretário-geral da União dos Escritores Angolanos (1985-1992).

Em 1965, e preso há quatro anos, a Sociedade Portuguesa de Escritores, presidida por Jacinto do Prado Coelho, decidiu atribuir-lhe o Grande Prémio de Novela, pela sua obra Luuanda (1963). A notícia deste mesmo foi fortemente censurada pela PIDE, e em 2009, numa rara entrevista concedida ao Público, o autor confidenciou que as notícias do prémio chegaram tardiamente ao Tarrafal, pois a informação foi adiada pelo diretor da mesma.

Poeta e contista, enquadra-se na denominada “Geração da Mensagem”, surgida no final dos anos 50 com o intuito de prolongar a ação do Movimento dos Novos Intelectuais de Angola, em busca de uma literatura e cultura genuinamente angolanas. Marcada por um compromisso sociopolítico assumido, a sua obra é precursora da literatura angolana e constitui uma revolução literária pela criação de uma nova linguagem expressiva fundada na interseção da língua portuguesa com a língua quimbunda. Este uso original e subversivo da língua, com um forte influxo da oralidade e o recurso a vocábulos crioulizados, confere um realismo invulgar às suas personagens que se constituem como expressão viva das gentes e dos lugares que retrata.

A sua estreia literária foi feita na revista Mensagem, da Casa dos Estudantes do Império de Lisboa, em 1950, tendo colaborado nesta revista em anos posteriores (1961-1963) e ainda em O Estudante (Luanda, 1952), Cultura (Luanda, 1957), Boletim Cultural do Huambo (Nova Lisboa, 1958), Jornal de Angola (Luanda, 1961-1963), Jornal do Congo (Carmona, 1962), Vértice (Coimbra, 1973) e Jornal de Luanda (1973 - ), entre outros.

Além do Prémio Camões, que recusou por “motivos íntimos e pessoais”, recebeu vários prémios, entre os quais: Prémio Nacional de Cultura de Angola – Literatura (2008), Prémio Literário da Casa da Imprensa (1974), Grande Prémio de Novelística da Sociedade Portuguesa de Escritores (1965), Prémio da Associação dos Naturais de Angola (1963), «Prémio Mota Veiga» (1963), Prémio Literário da Sociedade Cultural de Angola (1961) e Prémio da Casa dos Estudantes do Império de Lisboa (1961).

Em 1973, durante a residência fixa que cumpriu em Lisboa, traduziu o livro de Anthony Burgess A Clockwork Orange (Laranja Mecânica), trabalho que evidencia extraordinárias qualidades de logoteta que tão salientes são nas suas estórias de ambiente suburbano angolano e até também nalguns dos seus poemas.

CDAP
10/2023