José Loureiro Botas
[Vieira de Leiria, 1902 - Lisboa, 1963]
Escritor. Com dezoito anos iria para Lisboa como empregado de comércio, e concluiria antes de 1927 o curso do Ateneu Comercial, tendo sido chamado para fazer parte do seu corpo directivo, funções que desempenhou entre 1930 e 1962.
Os seus dois primeiros livros apoiam-se substancialmente numa linguagem coloquial e conservam intactas todas as potencialidades expressivas que a escrita analógica permite. Este linguajar espontâneo, extremamente colorido e dinâmico nalguns dos contos que os integram, acaba mesmo por se transformar na própria essência dessas narrativas e por depender, organicamente, das personagens populares femininas descritas, e das quais somos obrigados a destacar as figuras de Caréoa e da Tia Maria Rita que, sendo tão próximas de uma realidade, chegamos a duvidar não terem de facto existido.
Na verdade, esgotados aqueles modelos (?), o Autor passa a intervir e a ostentar-se no discurso, tornando-o agora hiperbólico e estático, apesar da complexidade dos conflitos, das tragédias e das mortes sistemáticas, deixando de ser convincente, norteando-se agora por uma moral normalizada e superficial. Com esquemas narrativos assim tão tradicionais e com personagens tão lineares e estereotipadas, é a descrição da paisagem local e marítima o que nos chama ainda a atenção.
Colaborou em vários jornais e revistas como O Século, Diário Popular, Mundo Ilustrado e Atlântico.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. IV, Lisboa, 1997