Manuel António Pina
[Sabugal, 1943 - Porto, 2012]
Poeta, autor de livros para a infância e tradutor.
Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra. Entre 1971 e 2001 foi jornalista profissional no Jornal de Notícias (Porto), onde desempenhou igualmente funções de editor e chefe de redacção. Além do JN, tem ainda colaboração dispersa por outros órgãos de comunicação, entre imprensa escrita, rádio e televisão [República, Diário de Lisboa, O Jornal, Expresso, Jornal de Letras, Artes e Ideias, Marie Claire, Visão, Península (Barcelona), Rádio Porto, RTP, etc.]. Foi também professor da Escola Superior de Jornalismo do Porto e membro do Conselho de Imprensa. Foi colunista da revista Visão.
A obra de Manuel António Pina consegue uma forte coesão, mantendo em ambos os registos – o da poesia e o da chamada «literatura para a infância» – aquilo que já foi classificado como «um discurso de invulgar criatividade e de constante desafio à inteligência do leitor», qualquer que seja a sua idade.
Como poeta, a sua obra revela um cariz simultaneamente sentido e reflexivo, de tom irónico e pendor filosofante, na qual é apontada uma tendência nietzschiana para alcançar «uma segunda e mais perigosa inocência».
Como autor de literatura para a infância, a sua obra tem um lugar à parte no panorama nacional, mercê de um nonsense de tradição anglo-saxónica (onde poderemos detectar a herança de Lewis Carroll) que brinca, inteligente e seriamente, com as palavras e os conceitos, num jogo de imaginação sem tréguas.
Grande parte da sua obra para a infância está representada em manuais escolares e publicada em antologias em Portugal e Espanha. Tem ainda uma relação estreita com o teatro, tendo sido, em 1982, bolseiro do Centro Internacional de Teatro de Berlim junto do Grips Theater (Berlim). Até ao momento, foram feitas mais de duas dezenas de produções teatrais baseadas em textos seus, por várias companhias teatrais do país, tal como vários programas de ficção e entretenimento para a televisão, entre os quais uma série infantil de doze episódios («Histórias com Pés e Cabeça», 1979/80). Foi aliás, desde 1994, autor de vários guiões para séries de ficção para TV.
Também ao cinema a sua obra foi adaptada: por José Carvalho, em 1980 («Uma História de Letras», a partir de um conto de O Têpluquê); e por João Botelho, em 1999 («Se a Memória Existe», filme sobre texto integral de O Tesouro). Em video está editada uma «Pequena Antologia Poética de Manuel António Pina» (1998). Foram ainda editados vários discos com textos seus musicados, nomeadamente «O Inventão», «O Bando dos Gambozinos», «O Beco» e «A Casa do Silêncio».
O seu poema «Farewell Happy Fields» foi objecto de uma exposição com o mesmo nome de cinquenta desenhos de Alberto Péssimo, apresentada na Galeria Labirinto, Porto, 1992.
Organizou, prefaciou e traduziu O Homem Invisível (antologia poética de Pablo Neruda), Porto: Afrontamento, 1965; e subscreveu também, dispersas por jornais e revistas, traduções de Frei Luis de Léon, Jules Laforgue, T. S. Eliot, Paul Éluard e outros poetas.
Colaborou ou está representado nas seguintes publicações colectivas e antologias: Antologia da Poesia Portuguesa, Lisboa: Moraes ed., 1979; De que São Feitos os Sonhos, Porto: Areal ed., 1985; Sião, Lisboa: Frenesi, 1987; Poesia Portuguesa Hoje, Rio de Janeiro: Fundação da Biblioteca Nacional do Ministério da Cultura do Brasil, 1993; O Poeta e a Cidade, 2ª. ed. Porto: Campo das Letras, 1996; Cadernos de Serrúbia, nº. 2, Porto: Fundação Eugénio de Andrade, Dez. 1997; Retratos e Poemas, Lisboa: Casa Fernando Pessoa, 1998; Poemas de Amor, Lisboa: Publicações D. Quixote, 2001; Rosa do Mundo / 2001 Poemas para o Futuro, Porto 2001 e Lisboa: Assírio & Alvim, 2001; Ao Porto, Lisboa: Publ. D. Quixote, 2001; Século de Ouro / Antologia Crítica da Poesia Portuguesa do Século XX, Coimbra:Capital Nacional da Cultura e Lisboa: Cotovia, 2003.
Integrou as representações oficiais da literatura portuguesa na Feira do Livro de Frankfurt (1997), no Salão do Livro de Paris (2000) e no Salão do Livro de Genève (2001). Em 1997 foi poeta residente convidado da cidade de Villeneuve-sur-Lot (França) e, em 2001, foi agraciado com a Medalha de Ouro de Mérito da Câmara Municipal do Porto.
Fez parte da carteira de itinerâncias da DGLB, na qualidade de líder de comunidades de leitores em Bibliotecas Municipais.
Manuel António Pina está traduzido e publicado em Espanha, Dinamarca e na Bulgária, com o apoio da DGLB, e recebeu vários prémios. Em 2011 foi distinguido com o Prémio Camões. Faleceu no Porto em 19 de Outubro de 2012.
Centro de Documentação de Autores Portugueses
10/2012