João Lúcio
[Olhão, 1880 - Olhão, 1918]
De seu nome completo João Lúcio Pousão Pereira, sobrinho do pintor Henrique Pousão, formou-se em Direito e dedicou-se à advocacia e à política.
Como poeta, irregular, mas com momentos altos, foi um harmonioso pintor da paisagem algarvia. Sugestionado pela arte visionária e dramática de Gomes Leal, compôs versos de tendência ocultista, talvez os melhores da sua obra, que roçou pelo esteticismo decadente, com fortes marcas de estilo impressionista.
De Espalhando Fantasmas disse José Régio: «Eis um dos mais notáveis livros do moderna Poesia Portuguesa, embora quase desconhecido.» E da obra geral do autor: «Todos os seus graves defeitos não chegam a inferiorizá-lo, porque este é um dos grandes privilégios dos Poetas natos.»
Ao contrário do que Nuno Catarino Cardoso informa na p. 197 da antologia Sonetistas Portugueses e Luso-Brasileiros (1918), João Lúcio nunca usou o pseudónimo Marcos Algarve, pertencente a outro poeta algarvio. Na antologia Líricas Portuguesas - 2ª. série (1945), Cabral do Nascimento foi, deste modo, induzido em erro, aliás não repetido nas duas edições posteriores da mesma colectânea.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. III, Lisboa, 1994
