João de Castro Osório
[Setúbal, 1899 - Lagoal/Caxias, 1970]
Poeta, dramaturgo, historiador literário e ensaísta.
Filho da escritora Ana de Castro Osório e do poeta Paulino de Oliveira, formou-se em Direito na Universidade de Lisboa, dedicando-se durante alguns anos à advocacia, e, mais tarde, interessando-se pelos problemas ultramarinos, graduou-se também na Escola Superior Colonial.
Doutrinador político de tendência nacionalista, dirigiu revistas de cultura (Descobrimento, de 1931 a 1932) e colaborou com artigos de crítica literária no Diário de Lisboa, tendo dirigido também, durante algum tempo, a secção «Correio literário» do jornal A Tarde. Usou, no começo, o nome de João de Castro, com o qual tem sido, por vezes, confundido com D. João de Castro (1872-1955).
Poeta ligado às raízes tradicionais do lirismo português, conjugando-as com uma certa modernidade de inspiracão, canalizou as suas principais produções para os géneros classicamente consagrados: poesia lírica, poesia épica e poesia dramática.
As suas peças teatrais documentam uma abordagem meramente literária do teatro – A Horda, 1921, O Clamor, 1923. Nesta última anunciava-se já O Príncipe Imaginário, que viria a transformar-se numa tetralogia.
Possuidor de vários talentos, é ainda de assinalar a sua obra enquanto investigador da história literária, devendo-se-lhe importantes compilações de obras e autores da literatura, tanto da literatura do passado como da da sua época.
É da sua autoria a melhor edição da Clepsidra, de Camilo Pessanha, onde, além de historiar as edições anteriores, regista as sucessivas variantes, incluindo ainda uma longa introdução crítico-bibliográfica e um esclarecimento final. Conheceu, aliás, aos 17 anos, o poeta, que lhe ditou, reviu, ou para ele escreveu, «de memória», quase todas as composições do único livro que em 1920 publicou, editado pela sua grande amiga D. Ana de Castro Osório, mãe de J. de Castro Osório e de José Osório de Oliveira.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. III, Lisboa, 1994
