Fernando Amado
[Lisboa, 1899 - Lisboa, 1968]
Dramaturgo e homem de teatro voluntariamente circunscrito à área experimental, fundou em 1946 a Casa da Comédia, cuja actividade se iniciou com a sua peça-manifesto A Caixa de Pandora, uma das raras, de entre as muitas que escreveu, a subir à cena. A primeira, que data dos seus 17 anos, O Homem Fatal, repercute, sob a influência de Almada Negreiros, de quem foi amigo e companheiro, ecos da estética futurista; publicou depois, em 1926, um ambicioso poema dramático de inspiração fáustica, O Pescador, do qual um crítico disse que «escondia numa nuvem de símbolos todas as lutas do pensamento na hora que passa». Dez anos depois retomou a escrita dramatúrgica com O Retrato de César, a que se seguiram várias peças em 1 acto, das quais a mais significativa, O Iconoclasta ou O Pretendente Imaginário, se representou em 1955 sob o pseudónimo Alberto Rui; dela escreveu David Mourão-Ferreira que constitui «o ponto mais alto da sua dramaturgia simultaneamente poética e abrupta, simbólica e desconcertante, seduzida pelo mistério que paira sobre certas situações e atenta a determinados esquemas psicológicos».
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. III, Lisboa, 1994