Tomás Cabreira
[Lisboa, 1891? - Lisboa, 1911]
Filho natural de Tomás da Guarda Cabreira, conselheiro municipal de Lisboa, e desde muito cedo órfão de mãe, circunstâncias que muito o marcaram, pouco se sabe da sua vida. Entrou no Liceu de S. Domingos (depois Camões) em 1905, onde faz grupo com Mário de Sá-Carneiro e Gilberto Rola Pereira. Desde cedo revelou grande gosto pelo desenho e pelo teatro, tendo dito ao pai que desejava ser actor. Das suas composições dramáticas conhecemos o título Musmé, de uma obra inspirada em Pierre Loti, e sabemos que foi, com Sá-Carneiro e com quem se escondeu sob o pseudónimo Quiveles, autor de uma revista sobre a vida popular e a do liceu representada em 24-4-1908 por alunos que tinham pertencido ao grupo teatral de Mário Duarte. O único trabalho seu que nos chegou é a peça Amizade, que escreveu de colaboração com Sá-Carneiro e que estava nas mãos deste quando Tomás Cabreira queimou todos os seus manuscritos antes de se suicidar, em 8-1-1911. Amizade, datada «Lisboa, Dezembro de 1909-Abril 1910», foi representada com enorme êxito, em 23-3-1912, no Clube Estefânia, pela recém-criada Sociedade de Amadores Dramáticos (da qual fazia parte Sá-Carneiro, que nos deixou dito que trabalhara com Tomás Cabreira na feitura de outras obras para o teatro), e foi editada no mesmo ano. Não sendo possível determinar a participação de Tomás Cabreira no texto que conhecemos, dele nos ficou apenas o testemunho dos contemporâneos de que possuía grande talento. Deve consultar-se, para melhor conhecimento deste autor e da época, o estudo de François Castex Mário de Sá-Carneiro e a Génese de «Amizade», 1971.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. III, Lisboa, 1994