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sábado, 06-07-2024
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Biografia

Biografia
                  

João Cabral do Nascimento  
[Funchal, 1897 - Lisboa, 1978]  

Poeta.

Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, foi ainda professor do ensino técnico-profissional e autor de diversas antologias de divulgação literária. Por outro lado, empenhou-se também no estudo e divulgação da história da ilha em que nasceu (nomeadamente através da direcção do Arquivo Histórico da Madeira), ilha a que dedicou, aliás, vários poemas.

Proveniente do surto mais tradicionalista do primeiro modernismo, Cabral do Nascimento não pode, por isso mesmo, confundir-se com a geração que, em todo o caso, o saudou. E, no entanto, é também por isso mesmo e pelo conflito que denuncia entre uma espontaneidade emocional e o seu comando intelectual, que deve considerar-se um moderno.

Foi, com Américo Cortez Pinto, Alfredo Brochado e Luís Vieira de Castro, um dos fundadores da efémera revista coimbrã Ícaro (1919), e, se é verdade que a sua poesia não prossegue na esteira nacionalista de Além Mar (1917) ou de Hora de Noa (1917), que tão bem caíram nos paladinos do Integralismo Lusitano, o certo é também, que nunca se libertará das marcas do nefelibatismo saudosista em que se iniciou. Porque de uma desistente nostalgia tratam no essencial os temas que o poeta aborda e os motivos que os animam: «Palácios rendilhados/Edifiquei na areia/ [...]/ Não tarda a maré cheia/ Que os há-de aniquilar» («Rimance» in Cancioneiro).

Mas nem sempre o sentimentalismo um tanto fácil – só redimido por uma muitas vezes pungente expressão da consciência do efémero, já que o tempo, ou melhor, o instante é um dos seus temas preferidos – o domina inteiramente, e é precisamente nas formas da sua abordagem que, de modo geral, os críticos lhe reconhecem a modernidade e a sabedoria poética.

João Gaspar Simões (Crítica II) chama-lhe um «modernista classicizante», por «uma tão ampla liberdade de imagens, de temas e de metros» de par com «a economia das suas imagens e do seu vocabulário», e Óscar Lopes (História da Literatura Portuguesa) salienta em Cabral do Nascimento o «equilíbrio sereno, cantabile» de um «lirismo que tudo tende a reduzir como que à simples apreensão do ritmo do tempo pela melodia das palavras e imagens.» Gaspar Simões chega a dizer, na crítica ao Cancioneiro (1ª. ed., 1943), que o A. realiza «nesta sua obra alguns dos mais belos instantes da poesia portuguesa de todos os tempos.»

Notabilizou-se também como infatigável tradutor, designadamente da língua inglesa; os seus trabalhos neste campo, podendo embora ser considerados recriações, constituem para o leitor, tal como os seus melhores poemas, raro prazer estético.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. III, Lisboa, 1994