João Bastos
[Lisboa, 1883 - Lisboa, 1957]
Um dos autores mais prolíficos do teatro ligeiro na primeira metade do século, depois de estrear uma série de comédias em colaboração com Xavier da Silva (O Olho da Providência, 1908, O Doutor Zebedeu e O Trinca-Espinhas, 1909) e Ernesto Rodrigues (Casa com Escritos, 1912), formou, com este e Félix Bermudes, a famosa «parceria» que, entre 1912 e 1926, dotou os teatros do País com um grande número de comédias farsas, operetas, mágicas e revistas, quer originais, quer traduzidas ou adaptadas, que na sua maioria obtiveram prolongado êxito.
Três comédias, sobretudo, e uma opereta assinalam os momentos mais afortunados dessa colaboração: O Conde-Barão (1918), caricatura de uma burguesia enriquecida com os negócios nos anos da Primeira Guerra Mundial, O Amigo de Peniche (1920) e O Leão da Estrela (1925), por um lado, e, por outro, O João Ratão (1920), alusiva à participação dos soldados portugueses na Grande Guerra.
Desfeita a «parceria», com a morte de Ernesto Rodrigues, João Bastos escreveu, com Félix Bermudes e André Brun, a farsa O Arroz de Quinze (1926) e, sozinho, as comédias O Noivo das Caldas (1932), O Costa do Castelo e Gente de fora (1940), O Pátio do Vigário (1941) e O Menino da Luz (1945), algumas delas adaptadas ao cinema, e que ilustram as virtudes e os defeitos de um género particularmente abeiçoado pelo público lisboeta: a comédia de costumes, em que sob o estereótipo das situações e das personagens e os trocadilhos fáceis do diálogo se insinua uma observação do real não desprovida de humor.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. III, Lisboa, 1994