Paulina Chiziane
[Manjacaze, Moçambique, 1955]
Nascida no seio de uma família protestante onde se falavam as línguas Chope e Ronga, aprendeu a língua portuguesa na escola de uma missão católica. Estudou linguística, mas não concluiu o curso. Durante a juventude fez parte da FRELIMO - Frente de Libertação de Moçambique, da qual se afastou, sobretudo devido às diretrizes do partido no que respeita à condição da mulher. Foi voluntária na Cruz Vermelha durante a guerra civil que sucedeu à independência e, após o fim da guerra, integrou o Núcleo das Associações Femininas da Zambézia.
Em 1984, começou a sua carreira literária com a publicação de contos na imprensa moçambicana. A sua primeira obra Balada de Amor ao Vento (1990), publicada após a independência de Moçambique, é considerada o primeiro romance publicado por uma mulher moçambicana. O seu romance Niketche: Uma História de Poligamia (2003), situa-se numa sequência de romances sobre o tema da poligamia. As protagonistas representam a pluralidade cultural das identidades de Moçambique, enquanto que o único protagonista representa a Nação na sua totalidade. Com este romance, ganhou o Prémio José Craveirinha, em 2003.
Ficcionista ou “contadora de estórias”, os seus livros refletem as tensões políticas e sociais do universo multicultural do seu país, colocando em relevo as personagens femininas. Tendo por base a crítica de costumes, a sua obra questiona as dinâmicas das relações de género e da condição da mulher, numa perspetiva pouco explorada pela tradição literária. Além disso, e devido ao seu impacto, tem sido tema de teses de mestrado no Brasil e publicações em revistas literárias, demonstrando o relevo da sua figura, como mulher e autora, no mundo literário.
Foi a primeira mulher africana distinguida com o Prémio Camões, tendo recebido, em 2003, o Prémio José Craveirinha de Literatura. Em 2013, foi agraciada com o grau de Grande Oficial da Ordem Infante D. Henrique (Portugal).
CDAP
10/2023