Miguel Barbosa
[Lisboa, 1925 - Lisboa, 2019]
Escritor, pintor e paleontólogo amador. Licenciado em Ciências Económicas e Financeiras, publicou o seu primeiro livro de contos, Retalhos da Vida, em 1955, e o segundo, Manta de Trapos, em 1962. As suas incursões no domínio da ficção foram assinaladas pela crítica de forma positiva, considerando esta que os seus contos traduziam com rara felicidade o quotidiano. Urbano Tavares Rodrigues saudou neste autor, «na linha de Salinger», um «escritor do seu tempo, renovando as receitas tradicionais da narrativa».
Todavia, tem sido o teatro o veículo que, com mestria crescente, lhe garante um lugar à parte na dramaturgia nacional dos últimos trinta anos. Estreou-se no teatro ao escrever para a televisão as peças Uma Semana em Madrid, O Segredo de Springfields e Muro Alto, em 1962, e, um ano depois, a peça Xeque-Mate. Em 1963 publicou a peça em dois actos O Palheiro, depois representada no Brasil e em Espanha. Segundo Luiz Francisco Rebello, a sua perícia, «misturando o fantástico e o real, o quotidiano e o alegórico, utilizando uma técnica e uma linguagem aprendidas no que se convencionou designar por "teatro do absurdo", mas sem perder de vista uma precisa intenção social», tornam-no um ponto de referência na produção teatral contemporânea.
Tem poesia em vários periódicos e antologias.
Como pintor, tem quadros em colecções privadas e públicas e participou em numerosas exposições nacionais e internacionais.
É membro do Instituto de Sintra, da Académie de Lutèce (Paris) e de Honra dos Artistas de França (St. Étienne), membro correspondente da Academia de Belas Artes de Lisboa, membro do grupo «A 4ª Dimensão na Arte», fundado pelo pintor Eugen Ciuca em Nova Iorque, da Société des Poètes et Artistes de France, da Association d' Encouragement l' Élite de Paris e de várias outras associações. Como paleontólogo é membro de diversos clubes dos Estados Unidos, Bélgica, Inglaterra e França, e a sua colecção de milhares de fósseis vai constituir o espólio do futuro Museu de História Natural de Sintra.
Usou o pseudónimo de Rusty Brown para a literatura policial.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. V, Lisboa, 1998