Orlando de Albuquerque
[Lourenço Marques (hoje Maputo), 1925 - Braga, 1997]
Poeta, dramaturgo, contista, romancista e ensaísta. Nasceu na capital de Moçambique, onde fez os seus estudos liceais, e formou-se em Medicina na Universidade de Coimbra. Durante os estudos universitários esteve ligado às actividades culturais da Casa dos Estudantes do Império e foi um dos principais dinamizadores do chamado Grupo Moçambicano de Coimbra, de que faziam parte João Dias, Fernando Bettencourt e Vítor Evaristo, que ali desenvolveu larga actividade, nomeadamente promovendo o aparecimento, em edições de autor, da colecção literária africana «Cadernos do Sul» e idealizando a editora Estante Moçambicana, que se deveria estrear com uma colectânea de contos de João Dias mas que foi, no dizer do próprio Orlando de Albuquerque, «um dos sonhos desfeitos dos jovens moçambicanos da metrópole nesse tempo».
Orlando de Albuquerque estreou-se em 1947, em Coimbra, com o livro de poemas Batuque Negro, que foi proibido pela censura já depois de impresso. Em 1950, com Lúcio Lara e Agostinho Neto, edita e dirige os cadernos «Momento: Antologia de Literatura e Arte», de que só sairão dois fascículos. Em 1951, com Vítor Evaristo, organiza a antologia Poetas em Moçambique, a primeira do género em Portugal e que foi editada pela Casa dos Estudantes do Império. Em 1952, com Vítor Evaristo e Alda Lara, edita sob o título de Godido e Outros Contos os contos que João Dias escrevera para o livro a publicar pela malograda Estante Moçambicana, livro que o autor não terminara por, entretanto, ter morrido tuberculoso. O prefácio do livro de João Dias é de Orlando de Albuquerque que, no ano anterior, lhe dedicara um poema publicado a favor da edição. Em 1958, Orlando de Albuquerque, que entretanto, casara com a poetisa angolana Alda Lara, vai radicar-se na cidade do Lobito, onde passa a exercer medicina. Aí continua a sua actividade literária, quer colaborando nos suplementos de artes e letras de jornais do Lobito e de Luanda, quer em movimentos culturais e editoriais como as Publicações Imbondeiro de Sá da Bandeira, hoje Huambo, e os «Cadernos Capricórnio» do Lobito.
Em 1962 morre-lhe em Cambambe, no Cuanza-Norte, a mulher, Alda Lara, e em 1966 inicia a edição da sua obra completa com um livro de poemas, editado em Sá da Bandeira, que organiza e prefacia. Nesse mesmo ano publica o ensaio Alda Lara, a Mulher e a Poetisa.
Em 1975 vem para Portugal, fixando-se em Braga, onde continuou a exercer medicina e onde publicou mais alguns contos. Nos últimos anos de vida, dedicou-se ao estudo da parapsicologia, no âmbito do Centro Latino de Parapsicologia daquela cidade.
Orlando de Albuquerque, que está representado em várias antologias de poesia e de conto africano de expressão portuguesa, colaborou em numerosos jornais e revistas, nomeadamente: Momento, Coimbra; Itinerário, Lourenço Marques; suplementos de artes e letras dos jornais Província de Angola, de Luanda, e O Lobito; Boletim Cultural do Huambo, Sá da Bandeira; Mensagem, Lisboa; e Vértice, Coimbra.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. V, Lisboa, 1998