Joel Serrão
[Funchal/Madeira, 1919 - Sesimbra, 2008]
Historiador e ensaísta de vasta e multifacetada bibliografia. A sua obra constitui, com a de outros seus contemporâneos, a primeira aproximação às correntes historiográficas europeias do pós-guerra, sobretudo aosAnnales, revista francesa de história económica e social fundada por Marc Bloch e Lucien Febvre.
Natural da freguesia de Santo António do Funchal, aí conclui o curso liceal. Saiu da Madeira para ingressar na Universidade, licenciando-se em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. De 1948 a 1972, exerceu o magistério liceal em Viseu, no Funchal, em Setúbal e no Liceu Passos Manuel, em Lisboa. Exerceu funções docentes na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. Director do Centro de Estudos de História do Atlântico (Madeira), foi membro do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian e exerceu funções docentes na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
A sua obra abrange monografias históricas de cunho económico ou sócio-cultural, edições críticas, temas literários, estudos de personalidades fulcrais na evolução das ideias e da cultura (Cesário Verde, Sampaio Bruno, António Nobre, Fernando Pessoa, Antero de Quental, Vieira de Almeida, António Sérgio) e volumes de iniciação às disciplinas filosóficas. Investigador com uma linguagem vigorosa e fluente, de rara fecundidade, a que se alia um posicionamento cívico interveniente, Joel Serrão faz parte de uma plêiade de intelectuais que, na esteira de António Sérgio, mais contribuíram para a elaboração de uma visão de conjunto, da qual ressaltam os problemas fundamentais para a compreensão das raízes da nossa história moderna.
Da sua enorme produção, considera-se o Dicionário de História de Portugal, elaborado ao longo de dez anos, um dos marcos da historiografia portuguesa deste século. Também de grande importância no conjunto da obra de Joel Serrão é a Nova História da Expansão Portuguesa, cuja direcção partilha com A. H. de Oliveira Marques, num plano geral de onze volumes, com três volumes já editados (1986-1993). Obra de extremo rigor e minúcia de investigação, liberta dos condicionalismos do passado inerentes à historiografia da expansão e colonização portuguesa.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. IV, Lisboa, 1997