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sexta-feira, 30-05-2025
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Biografia

Biografia
                  

João de Barros  
[Viseu, 1496 - Ribeira de Alitém/Pombal, 1570?]  

João de Barros
Grande historiador, pedagogo e ensaísta filosófico do Renascimento, foi educado na corte de D. Manuel e teve a amizade de D. João III, de quem foi moço de guarda-roupa. Quando D. João III subiu ao trono, foi encarregado de uma missão no castelo de São Jorge da Mina, ao redor de 1525. A partir desta data, e tirando o período de 1529 a 1533, desempenha uma série de funções administrativas, sendo feitor da Casa da Índia (1533) e donatário de duas capitanias do Brasil (1535), que lhe acarretaram gravíssimos prejuízos materiais. Demitiu-se do seu cargo da Casa da Índia em 1567 e veio a falecer na quinta da Ribeira de Alitém, perto de Pombal.

Durante as funções que desempenhou na Casa da Índia durante trinta e quatro anos, João de Barros consultou inúmeros documentos que lhe deram uma ideia clara do que sucedia no Oriente. Depois de 1531 recebeu o encargo de escrever «as cousas da Índia», decerto por solicitação de D. João III, que lhe conhecia os dotes literários. Com efeito, João de Barros já tinha publicado a Crónica do Imperador Clarimundo (1522), novela de cavalaria, onde se esboça um tratamento épico da história de Portugal. Em 1532 saiu o seu interessantíssimo diálogo, Ropicapnefma, um dos textos mais originais do século XVI português, segundo a opinião de Marcel Bataillon. No ano seguinte compôs o Panegírico de D. João III. Nos anos de 1539 a 1540 empenhou-se num largo programa pedagógico, visando a aprendizagem da leitura, o estudo da gramática e a doutrina moral. Em 1543 redige o Diálogo Evangélico sobre os Artigos da Fé contra o Talmude dos Judeus, cuja publicação foi interdita pela Inquisição e na qual o autor manifesta o desejo de uma evangelização pacífica dos cristãos-novos. Em 1545 escreve o Panegírico da Infanta D. Maria, onde mantém a sua fidelidade aos grandes ideais humanísticos.

A sua obra magna, composta em parte de noite, dadas as suas muitas ocupações durante o dia na Casa da Índia, seria a história da expansão ultramarina dos Portugueses dividida em três secções: conquista, navegação, comércio. A 1ª. parte estava subdividida em Europa, África, Ásia e Vera Cruz (Brasil). Deste magnificente projecto, João de Barros só nos legou as três primeiras Décadas da Ásia (1522, 1553 e 1563), tendo, por essa altura, já redigido a Geografia, hoje perdida, pois a ela se refere. A 4ª. Década só veio a lume em 1615, refundida por João Baptista Lavanha. Os escritos e apontamentos deixados por Barros perderam-se por incúria dos seus descendentes. Como cronista, João de Barros utiliza um estilo retórico e envolvente. A sua informação é rigorosa e está bem documentada, tendo ele da história uma concepção planetária.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. I, Lisboa, 1989