Raul de Caldevilla
[Porto, 1882 - Porto, 1951]
Dramaturgo, cineasta, jornalista, tradutor e publicitário. Filho do engenheiro espanhol Nicolás Caldevilla y Sevilla, que, em 1876, chegou ao Porto integrado na companhia de Gustave Eiffel para construir a Ponte Dona Maria Pia, adoptou como sua a terra de nascimento, ali tendo feito os estudos primário e secundário, que completou com a frequência do antigo Instituto Comercial e Industrial daquela cidade.
Em 1904, foi nomeado vice-consul e despachado para Cadiz como encarregado do consulado-geral de Portugal naquele porto espanhol. Por proposta da Liga dos Lavradores do Douro, o Governo nomea-lo-ia a seguir agente comercial nos países latino-americanos de língua castelhana, lugar que desempenhou com bastante êxito, abrindo aqueles mercados aos produtos portugueses e, em especial, ao vinho do Porto. Desempenhou ainda o mesmo cargo no Médio Oriente. Dedicou-se, depois, à carreira de publicitário, sendo pioneiro em Portugal daquela actividade, tomada como uma técnica organizada. Nesta disciplina, foi discípulo de Octave-Jacques Gérin, na École de Hautes Études Commerciales de Paris.
Como dramaturgo, escreveu uma mágica, A Laranja Azul, duas comédias, Gente Séria e Oração da Tarde, e um drama, Pecado que Mata, peças que foram representadas no Porto com muito sucesso, mas que não chegaram a ser publicadas em livro. Dedicou-se também ao cinema, devendo-se-lhe o primeiro filme publicitário português, Um Chá nas Nuvens, e a criação, no Porto, da produtora Caldevilla Film, que, para além de curtas metragens documentais, produziu em 1922 dois filmes de fundo, Os Faroleiros e As Pupilas do Senhor Reitor, este último realizado por Maurice Mariaud. A sua actividade como escritor desenvolveu-se, principalmente, à roda da publicidade, embora reflicta também as suas outras actividades, nomeadamente a de conferencista. Actor e declamador, fez também algumas traduções para português, principalmente de teatro castelhano.
Centro de Documentação de Autores Portugueses
01/2000