Fernando Cristóvão
[Setúbal, 1929]
Ensaísta, jornalista e professor universitário, cursou Teologia no Seminário Maior do Patriarcado de Lisboa (1953) e Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1966).
Foi assistente de Lindley Cintra e de Vitorino Nemésio, tendo sucedido a este último na regência da cadeira de Literatura Brasileira (1971) e doutorando-se em 1974 com a dissertação intitulada Graciliano Ramos: Estrutura e Valores de Um Modo de Narrar (Rio de Janeiro/Brasilia, 1975). É também, desde 1974, director do Instituto de Cultura Brasileira da mesma Universidade. Faz ainda parte da Comissão de Peritos que estão a fazer a avaliação das Universidades portuguesas. Orienta cursos de mestrado na Faculdade de Letras e foi professor visitante nas Universidades de Haute-Bretagne (Rennes), onde foi Maître de Conférences (1979/81), Pequim, Utrecht e Colónia, sendo doutor honoris causa pela Universidade de Macau.
O seu espírito irrequieto e pragmático leva-o a organizar e participar em reuniões científicas, congressos e conferências, orientando essas reuniões, sobretudo, para a investigação paralela e o estreitamento das relações entre as culturas portuguesa, brasileira e africanas de língua portuguesa, tarefa facilitada pelo seu conhecimento da Europa, da América Latina, da África lusófona e do Oriente, onde tem representado Portugal em várias missões e orientado directamente os leitorados portugueses espalhados pelo mundo. Proferiu conferências, ainda não publicadas, em Portugal, Brasil, Espanha, Coreia do Sul, Macau, China, Japão, França e Luxemburgo. Foi um dos colaboradores na proposta para a constituição de um Conselho Internacional da Língua Portuguesa (1986).
De 1984 a 1990, foi presidente do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa (ICALP), onde desenvolveu grande actividade editorial, tendo criado as colecções «Identidade», «Diálogo» e «Compilação» que publicaram, juntamente com a Biblioteca Breve, durante os seus mandatos, várias dezenas de títulos. Enquanto presidente do ICALP, promoveu a abertura de vários leitorados na Europa, Américas e África, tendo participado nas Comissões Mistas dos Acordos Culturais com a Espanha, França, Bélgica, Reino Unido, Áustria, Marrocos, Índia e Japão.
Desenvolveu actividade jornalística no semanário Nova Terra, de que foi director adjunto de 1975 a 1977, fundou e dirigiu (1985-1990) a Revista ICALP e dirige actualmente a revista Românica, da Faculdade de Letras de Lisboa. Aliando jornalismo a prática pedagógica, orientou seminários dirigidos a jornalistas da imprensa regional, na Universidade Católica de Lisboa e na Universidade dos Açores.
Fundou e dirigiu, de 1991 a 1993, o Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade Católica Portuguesa. Colaborou ainda, esporadicamente, em A Capital, Diário de Notícias, Expresso, Ocidente, Estado de São Paulo, Jornal de Letras, Colóquio/Letras, Ciência e Trópico e Quaderni Ibero-Americani.
É membro da Association Internationale des Critiques Littéraires, da Associação Portuguesa de Escritores, da Internacional Comparative Literature Association de Montréal e da Academia das Ciências de Lisboa, da Comissão Nacional da Língua Portuguesa (CNALP), da Sociedade de Geografia e do Grémio Literário, e perito da Comissão Nacional de Educação para o Diálogo com as Comunidades Europeias. Esteve como professor visitante nas Universidades de Pequim (1983) e de Utrecht (1992).
Os seus textos e alocuções apelam para a adopção urgente «de uma política educacional e linguística mais esclarecida». Aos ensaios reunidos em livro acrescentam-se estudos e artigos sobre matérias tão diversificadas como as viagens na China no século XVII ou os itinerários da Terra Santa como literatura de peregrinação e viagem, Fénelon no espaço luso-brasileiro, o «desacordo ortográfico», «Macau: Que Ficará do "Santo Nome"?», «A Pátria da Língua e Suas Fronteiras Ortográficas», «Drummond e a poesia das coisas» ou «Adeus a Gilberto Freire» – em jornais, revistas e separatas de colóquios e congressos. Participou ainda em obras colectivas e antologias críticas.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. V, Lisboa, 1998
