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quarta-feira, 26-06-2024
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Biografia

Biografia
                  

Manuel de Faria e Sousa  
[Quinta da Caravela/Pombeiro/Felgueiras, 1590 - Madrid, 1649]  

Poeta, historiógrafo e crítico, foi sobretudo como camonianista que este polígrafo bilingue ficou na história da literatura portuguesa.

Desde novo vocacionado para o desenho, a poesia e a história, estudou também gramática latina e lógica. Partiu em 1630 para Roma, como secretário do embaixador marquês de Castelo Rodrigo. Fixou-se definitivamente em Madrid em 1634, tendo vivido os últimos anos em casa do marquês de Montebelo.

A maior parte da sua obra é escrita em castelhano – já que grande parte da sua vida a viveu em Espanha. São controversas as opiniões dos seus contemporâneos acerca das posições de Faria e Sousa relativamente à revolução de 1640, como o são a respeito do valor, ou do rigor, que informa a sua obra. A verdade é que, se os Comentários d' «Os Lusíadas» foram objecto de acusação de menos católicos por parte de inimigos seus, o conjunto da sua obra não deixou de ter sucesso na época e de merecer a estima de personalidades como o conde da Ericeira; Lope de Vega chamou-lhe «príncipe de los comentadores en todas lenguas».

Contraditoriamente, o trabalho que mais o notabilizou é também aquele que tem suscitado mais contestação: de facto, parece não haver dúvidas de que, no empenho de, segundo as suas próprias palavras, devolver a Camões «todo lo que ha hallado con sombra de suyo», Faria e Sousa teria incluído na sua edição comentada das Rimas de Camões composições da autoria de outros poetas, nomeadamente de Diogo Bernardes; do mesmo modo, há versos que alterou – não se sabe até que ponto arbitrariamente –, partindo do princípio de que haviam sido adulterados.

O Epítome de las Historias Portuguesas, que é o seu principal trabalho historiográfico, distribui-se, em edições póstumas, por três partes: Europa Portuguesa, Ásia Portuguesa, África Portuguesa; havia ainda a América Portuguesa, que ficou manuscrita. Inserto no Epítome, encontra-se entretanto um inventário de autores intitulado De los Escritores Portugueses, o qual, juntamente com o também seu Cathalogo de los Escritores Portugueses, que contém oitocentas e vinte e três entradas, como informa Rui Vieira Nery, in A Música no Ciclo da «Bibliotheca Lusitana», contribui, depois de Francisco Galvão de Mendanha e de Manuel Severim de Faria, para o projecto de levantamento biobibliográfico de autores portugueses que viria a materializar-se, no século XVIII, na Biblioteca Lusitana, de Barbosa Machado, que o menciona.

Quanto à sua produção poética, ela está condensada, no essencial, em Fuente de Aganipe [...] e inclui éclogas em português.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. I, Lisboa, 1989