Francisco Sanches
[Valença?, 1550? - Tolouse, França, 1623]
O local do nascimento deste grande espírito renascentista, filósofo, médico, professor universitário e abridor de vias novas de exploração do método científico, é duvidoso. Hesita-se entre Valença, Tui, Braga, etc. Tudo quanto se sabe, ao certo, é ter sido baptizado em Braga, em 25 de Julho de 1551. E ter aqui dado começo aos seus estudos. Era filho de António Sanches e Filipa de Sousa, havendo quem discuta a sua nacionalidade portuguesa.
Por volta de 1562, com onze ou doze anos de idade, deixou Portugal, com os pais, e foi viver para Bordéus, tendo-se aí matriculado no famoso Colégio de Guiena, que tinha sofrido a acção organizadora, benéfica, liberalizadora e modernizante de André de Gouveia e outros. Sai de Bordéus para Roma, onde reside até 1573, regressando, nessa data, a França. Em Outubro desse ano bacharelou-se em Medicina, vindo a doutorar-se em 1574.
Em 1575 radica-se em Tolouse, onde é convidado a ensinar na Faculdade de Artes, desde 1585 até 1610. De 1610 a 1623, data da sua morte, Francisco Sanches ensinara na Faculdade de Medicina da mesma cidade, lugar que obtém por concurso.
Na sua obra de filósofo do saber, de que o marco fundamental é Quod Nihil Scitur (Lião, 1581), Sanches rebela-se contra o argumento da autoridade como fundamentação do conhecimento, propondo, precursoramente, um método, não exclusivamente dedutivo, em que a experiência se associe ao juízo. Não sem fundamento sério, tem-se visto em Sanches um possível mestre de Descartes e de Bacon.
Além da obra citada, Francisco Sanches publicou inúmeros trabalhos importantes no campo da medicina.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. I, Lisboa, 1989