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terça-feira, 23-07-2024
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Biografia

Biografia
                  

André Falcão de Resende  
[Évora, 1527? - Lisboa, 1599?]  

Juiz; sobrinho do cronista e poeta Garcia de Resende e amigo de Luís de Camões, a quem endereçou várias composições.

Escreveu poesias em castelhano (Theochristo) e poetou em português: além de sonetos, odes, epigramas, epístolas, elegias e versões das odes de Horácio, deixou o poema didáctico Microcosmografia e descrição do mundo pequeno que é o homem, que chegou a ser atribuído a Camões e publicado juntamente com obras deste (nomeadamente na chamada «edição de Juromenha»). Consta o dito poema de três cantos, em oitavas, e versa o tema do «pequeno mundo que é o homem». Preside a este poema uma concepção mecanicista da Natureza, detendo-se o poeta na descrição da perfeição do corpo humano. Estando, no entanto, o corpo sujeito à corrupção, como toda a matéria, infere daí o seu autor que só na graça de Deus e no desprezo dos bens do mundo encontrará o homem a verdadeira felicidade. Este platonismo de raiz agostiniana encontra-se, de resto, em toda a sua obra poética, que, embora retomando os versos e a temática de Petrarca, Garcilaso, Camões ou Bernardes (para além dos autores latinos – Ovídio, Virgílio e Horácio), nunca deixa de ser informada pela estrita observância da moral católica.

Encontram-se nas suas composições os primeiros prenúncios do barroquismo, mas na écloga que nos deixou, talvez o que de melhor há no conjunto da sua obra poética, o estilo é simples e despojado, fazendo lembrar o de Rodrigues Lobo.

O professor do antigo Colégio das Artes, em Coimbra, Joaquim Inácio de Freitas, tendo descoberto casualmente o manuscrito das Obras do Licenciado André Falcão de Rezende. Natural de Évora, tratou de o publicar em 1829, mas foi impedido pela morte de levar a cabo este intento. Parece que este manuscrito só deu entrada no prelo da Imprensa da Universidade de Coimbra em 1849, não estando a edição ainda concluída em 1881. Desta edição se imprimiram, para venda limitada, talvez em 1865 (segundo Aubrey Bell) ou 1859 (segundo Fidelino de Figueiredo), quatrocentas e oitenta folhas, que compreendiam, além do poema Microcosmografia, sonetos, odes originais do autor e versões das de Horácio, epístolas, uma écloga, uma elegia, entre várias outras composições.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. I, Lisboa, 1989