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sábado, 04-05-2024
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Biografia

Biografia
                  

Jorge Ferreira de Vasconcelos  
[?, 1515? - ?, 1585]  

Comediógrafo e autor de uma novela de cavalaria.

Foi moço de câmara do infante D. Duarte (filho de D. Manuel I), moço de câmara de D. João III, escrivão do Tesouro da Casa Real, tesoureiro do Tesouro Real e tesoureiro do Armazém da Guiné e da Índia.

Em prosa deixou-nos o Memorial das Proezas da Segunda Távola Redonda (Coimbra, 1567), novela dedicada a D. Sebastião. Segundo Barbosa Machado, o autor teria escrito outra novela de cavalaria, Triunfos de Sagramor (1554), que seria uma versão da primeira. Sabe-se hoje que existiu de facto esta primitiva versão, intitulada Livro primeyro da primeyra parte dos Triunfos de Sagramor Rey de Inglaterra e França, em que se tratam os maravilhosos feitos dos cavaleyros da Segunda Tavola Redonda, impressa em Coimbra por João Álvarez, em 1554 [Aurelio Vargas Diaz-Toledo, «Os livros de cavalarias renascentistas nas histórias da literatura portuguesa», in Península. Revista de Estudos Ibéricos, nº. 3, 2006]

Em verso temos dele uma epístola de quarenta e três oitavas, achada entre os seus papéis e publicada em apêndice da Aulegrafia (Lisboa, 1619).

Jorge Ferreira de Vasconcelos escreveu três comédias: Eufrosina, composta em 1542-1543 e publicada em Coimbra em 1555; Ulisipo (Coimbra, 1598), editada pelo genro do autor, António de Noronha; Aulegrafia (Lisboa, 1619), editada pelo mesmo. Eufrosina conheceu uma segunda edição em Coimbra (1560) e mais duas em Évora, 1561 e 1566, o que é prova de êxito para uma obra portuguesa do século XVI.

Eufrosina trata de uma história de amores, onde se contrapõe a uma concepção elevada do amor àquela que só segue os impulsos do desejo, saldando-se por um casamento de amantes que foram contrariados nas suas inclinações devido a diferenças de estrato social. Ulisipo tem como protagonista um pai de família severo e avaro, posto que rico, cujas baixas aventuras amorosas o desqualificam moralmente. É um tipo muito comum decalcado na baixa comédia romana. Aulegrafia elege a corte de Lisboa como centro da acção. As intrigas de uma velha dama do paço logram substituir, no coração da sobrinha, um pretendente com nobreza de sentimento por um rival astuto e donjuanesco. Das três peças, esta é a que apresenta uma situação desprovida de movimento dramático. Nas outras duas, a variedade e graça de linguagem, os ditos chistosos de fundo popular, os brincos estilísticos das falas e o desenho das figuras fazem ainda delas uma leitura viva para o nosso tempo.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. I, Lisboa, 1989 [revista e aumentada em janeiro de 2016]