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terça-feira, 07-05-2024
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Biografia

Biografia
                  

Alexandre da Conceição  
[Ílhavo, 1842 - Viseu, 1889]  

Poeta, crítico, jornalista e polemista. Engenheiro e director das Obras Públicas no distrito de Viseu, cedo começou a publicar as suas poesias, de características exacerbadamente românticas, na revista A Grinalda. Em 1866 publicou os seus poemas num volume, Alvoradas, reimpresso em 1875, acrescentado de novas composições.

A sua obra poética obedece formalmente aos clichés mais ardidos do romantismo, enquanto intelectualmente adere à estética naturalista, e é nesta posição de ambiguidade que se envolve numa violenta polémica contra Camilo Castelo Branco, em cuja obra Eusébio Macário detecta uma tentativa de ridicularização da escola realista (esta polémica está inserida no livro Boémia do Espírito, 1866; nele Camilo anota os números dos jornais em que o seu adversário lhe respondia).

Alexandre da Conceição, homem muito lido nos teóricos do realismo e, nessa perspectiva, aceitando a influência determinante do meio físico e social nos comportamentos individuais, não se deixa, no entanto, cegar, enquanto crítico, pelo cientismo da escola e, nas suas Notas - Ensaios de Crítica e Literatura, sabe equilibrar os seus princípios com uma apreciável compreensão literária.

Democrata ingénuo e fervoroso, proclamando o culto do progresso e da liberdade de pensamento, dentro do espírito cristão (à Herculano e à Chateaubriand), Alexandre da Conceição apresenta-nos um Cristo «socialista», que reúne os ideais de justiça e de igualdade, exalta os trabalhadores e lança o anátema sobre os tipos grotescos da sociedade reaccionária.

Filiado no recém-criado Partido Republicano, fundou, em 1877, a revista literária A Revolução, na qual afirma brilhantemente as suas ideias republicanas, em artigos de propaganda e de combate. Ficou célebre uma série de artigos que publicou no jornal O Século. Teófilo Braga editou-lhe, postumamente, o volume Outonais, que continua a temática e o estilo românticos de Alvoradas. Alguns críticos têm vindo a considerá-lo um precursor do simbolismo, pela sua intuição das sinestesias.

Como jornalista deixou abundante colaboração dispersa por jornais e revistas (O Nacional, Jornal do Porto, O Primeiro de Janeiro, A Folha, O Ocidente, etc.), tendo fundado, em Coimbra, a revista A Evolução.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. II, Lisboa, 1990