Eduardo Schwalbach
[Lisboa, 1860 - Lisboa, 1946]
Jornalista e autor de uma vasta e diversificada produção teatral, foi director do Diário de Notícias entre 1924 e 1939.
Cerca de meia centena de peças de teatro de todos os géneros – comédias e dramas, mágicas, operetas e revistas – escritas «em três semanas o máximo, e por vezes em três dias apenas», atestam a fecundidade e dispersão de um decidido temperamento dramatúrgico em que, no entanto, «um trabalho caudaloso submergiu o critério da escolha», como observou Eduardo Scarlatti.
As suas comédias dramáticas – O Íntimo (1891), Santa Umbelina (1895), A Cruz da Esmola (1904), Poema de Amor (1916), Sol de Abril (1919) –, construídas segundo uma fórmula que, segundo as suas próprias palavras, «mistura, em alternativas simétricas e dosagens de formulário, o riso e a lágrima, a galhofa e o sentimento, a caricatura e a dor», é, no entanto, lícito preferir aquelas em que habitualmente entrelaçou a crítica dos costumes, a observação dos caracteres e o imprevisto das situações, como A Bisbilhoteira (1900), geralmente considerada a sua melhor obra, e Os Postiços (1909).
Entre 1896 e 1900 estreou uma série de revistas que imprimiram um novo rumo ao género, situando-o numa linha a que a crítica, com evidente exagero, chamou «vicentina« e «aristofanesca»: Retalhos de Lisboa, O Reino da Bolha, Formigas e Formigueiros, Agulhas e Alfinetes, O Barril do Lixo, para algumas das quais Rafael Bordalo Pinheiro concebeu cenários e figurinos e Freitas Gazul, Tomás del Negro e Filipe Duarte escreveram música. Em 1911, a sua opereta O Chico das Pegas, com música deste último, conheceu um prolongado sucesso.
Ausente dos palcos entre 1924 e 1945, reapareceu nesse ano com uma peça de ambiciosa concepção, Duas Máscaras, «constituída por dois instantâneos diametralmente opostos duma mesma causa», mas de fruste realização. As suas memórias, que são um documento importante para o conhecimento da história política e teatral do País desde os últimos anos da Monarquia até à institucionalização do Estado Novo, foram publicadas em 1944 sob o título À Lareira do Passado.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. II, Lisboa, 1990