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sábado, 20-04-2024
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Biografia

Biografia
                  

José João Craveirinha  
[Lourenço Marques (actual Maputo), Moçambique, 1922 - Maputo, Moçambique, 2003]  

José Craveirinha
Nascido no seio de uma família de poucos recursos, foi obrigado a abandonar os estudos após a conclusão da escola primária, mas continuou a estudar em casa, desenvolvendo a paixão pela leitura. Autodidata, foi funcionário público, cronista desportivo, trabalhou em diversos jornais, publicou uma série de artigos ensaísticos sobre folclore moçambicano. Foi o primeiro jornalista oficialmente sindicalizado. Politicamente empenhado, fez campanha contra o racismo, foi presidente da Associação Africana na década de 50. Entre 1965 e 1969, esteve preso em virtude da sua ligação à FRELIMO - Frente de Libertação de Moçambique. Após a independência de Moçambique, foi vice-diretor da Imprensa Nacional e o primeiro presidente da Associação dos Escritores Moçambicanos (1982-1987).

Poeta, contista e cronista, figura tutelar da literatura do seu país e voz destacada da literatura africana, a sua obra reflete a influência do surrealismo e do neorrealismo português. No entanto, está ancorada na cultura moçambicana, retratando a sua realidade social e política, em particular o racismo, a dominação colonial e o imperativo nacionalista de autodeterminação. Autor de forte consciência cívica e política, a sua poesia incorpora elementos do quotidiano, os laços familiares, as pequenas ilusões e alegrias do dia a dia, que radicam nas camadas mais profundas do povo moçambicano. Alguns poemas da sua autoria foram traduzidos em várias línguas, estando presentes em numerosas antologias de poesia africana.

Iniciou a sua actividade jornalística no Brado Africano, mas veio a colaborar depois no Notícias, onde foi também revisor, na Tribuna, no Notícias da Beira, na Voz de Moçambique e no Cooperador de Moçambique. Neste último publicou uma série de artigos ensaísticos sobre folclore moçambicano que constituem uma importante contribuição para o tema.

Estrear-se-ia como poeta, também no Brado Africano de Lourenço Marques, em 1955, seguindo-se a publicação de poemas seus no Itinerário da mesma cidade e em jornais e revistas de Angola, Portugal (nomeadamente em Mensagem, da Casa dos Estudantes do Império) e Brasil, principalmente.

A sua estreia em livro deu-se com Chigubo, editado em Lisboa em 1964 pela Casa dos Estudantes do Império e logo apreendido pela PIDE, que o utilizou como prova nos processos de que foi vítima durante o período em que esteve preso (1965 a 1969). Antes, em 1962, uma colectânea de poemas seus com o título de Manifesto obtivera o Prémio Alexandre Dáskalos da Casa dos Estudantes do Império. Obteria depois numerosos prémios em Moçambique, Itália (o Prémio Nacional de Poesia e outros) e Brasil, além do Prémio Lotus da Associação de Escritores Afro-Asiáticos, de cujo júri passou depois a fazer parte.

Está traduzido em várias línguas e é grande a relação de estudos que à sua poesia foram dedicados. Usou também os nomes: Nuno Pessoa, Mário Vieira, J. C., J. Cravo e José Cravo.

Foi o primeiro autor africano a ser distinguido com o Prémio Camões (1991). Recebeu numerosos prémios, entre os quais: Prémio “Vida Literária” da Associação de Escritores Moçambicanos (2002), Prémio Lotus da Associação de Escritores Afro-Asiáticos (1983), Prémio Nacional de Poesia de Itália (1975), Prémio Alexandre Dáskalos da Casa dos Estudantes do Império (1962), Prémio de Ensaio do Centro de Arte e Cultura da Beira (1961), Prémio Cidade de Lourenço Marques (1959).

Foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, em 1997 (Portugal), recebeu a Medalha de Mérito da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, em 1987 (Brasil) e a Medalha Nachingwea do Governo, em 1985 (Moçambique).

Faleceu a 6 de fevereiro de 2003, aos 80 anos, em Joanesburgo, África do Sul.

Em sua homenagem, a Associação dos Escritores Moçambicanos, em parceria com a HCB (Hidroeléctrica de Cahora Bassa), instituiu em 2003, o Prémio José Craveirinha de Literatura.

CDAP
10/2023