Olavo de Eça Leal
[Lisboa, 1908 - Oxford, Reino Unido, 1976]
Olavo Correia Leite d’Eça Leal nasceu em Lisboa, em 1908, e morreu em Oxford, em 1976. Culto, talentoso, inteligente e rebelde, notabilizou-se por um diletantismo militante que fez dele pintor, publicista, crítico de cinema, locutor, actor e escritor. Viveu de algum modo, ainda, na atmosfera cultural instaurada pelas gerações do primeiro e do segundo Modernismos em Portugal (colaborou, por exemplo, na revista Presença, mas também na Seara Nova e na Kino), tendo exposto obras plásticas em mostras de arte moderna, colaborado na direcção de filmes e realizado, ele próprio, curtas-metragens. Foi regular, também, a sua presença na rádio, designadamente no teatro radiofónico.
No âmbito da literatura infantil, escreveu Provérbios (1930), que também ilustrou; História extraordinária de Iratan e Iracema: os meninos mais malcriados do mundo (1939) e História de Portugal para meninos preguiçosos (1943), ambas galardoadas com o Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho.
Dominando a escrita de forma sóbria e elegante, apresenta, em Provérbios, narrativas intimistas e originais. Na História extraordinária de Iratan e Iracema…, guia-nos, com sentido de humor, através do universo da imaginação e da fantasia, homenageando, aqui e acolá, o universo dos livros, e provando que podemos e devemos escolher caminhos diferentes dos de toda a gente. História de Portugal para meninos preguiçosos (1943) revela-se incursão magistral pelo passado, decodificado, sem esforço, pelo destinatário.
Do conjunto irrompe, jovial e subversiva, a ideia de que é bom continuar a ser criança mesmo passado o tempo de deixar de o ser.
Trata-se, pois, de um escritor com um contributo significativo para a literatura portuguesa para crianças que, pela qualidade e graça dos seus livros, poderá ser considerado um clássico, pertencente ao primeiro período de ouro do livro infantil em Portugal. Ou seja, as décadas de dez a quarenta do século XX, em que Olavo d’Eça Leal ombreou com Afonso Lopes Vieira, Aquilino Ribeiro, Jaime Cortesão, António Sérgio e Maria Lamas, entre outros autores que, nesta área, se afirmaram.
Vale a pena referir que, com base na sua obra mais conhecida, o seu filho Paulo Guilherme d’Eça Leal (1932-2010) – escultor, pintor, arquitecto, cenarista, escritor e ilustrador – realizou, em 1987, o filme Iratan e Iracema.
Bibliografia selectiva: Provérbios (1930), Lisboa: Empresa Nacional de Publicidade; História extraordinária de Iratan e Iracema: os meninos mais malcriados do mundo (1939), Lisboa: Pensamento, 1987; História de Portugal para meninos preguiçosos (1943), Porto: Tavares Martins.
[Leonor Riscado; José António Gomes]
02/2012