Raul Brandão
[Foz do Douro, Porto, 1867 - Lisboa, 1930]
Raul Brandão (1867-1930), prosador pós-naturalista em cuja obra, imbuída de inquietações filosóficas sobre questões morais, o «pitoresco impressionista de paisagens e costumes» se mistura com a «tragédia dostoievskiana dos pobres e espezinhados», segundo Óscar Lopes (1987: 343), compartiu a sua vida com actividades de jornalismo e as lides de pequeno proprietário agrícola.
No ano da sua morte publicou, em conjunto com a esposa, Maria Angelina, o único livro que destinou a crianças: Portugal pequenino.
Na esteira de Selma Lagerlöf (A viagem maravilhosa de Nils Holgersson através da Suécia, 1907), surge claramente neste livro a intenção pedagógica, pouco conseguida, de ensinar às crianças elementos de geografia, zoologia e história de Portugal, através das aventuras de um rapaz que maltrata os animais. Sublinhem-se, porém, o olhar do observador atento da natureza, precursor da ecologia, e a presença feminina da Pisca, modelo da mulher do povo, companheira diligente e fiel, cuja morte libertará Russo do egoísmo (logo do castigo sofrido) e o levará a entender que a grande razão da existência é amar e ser amado e que só amando se entende a vida.
Bibliografia selectiva: Portugal pequenino (1930), Lisboa: Vega.
[Maria José Costa]
02/2012