O poeta, ficcionista, ensaísta e tradutor português Nuno Júdice foi anunciado, na noite de 5 de dezembro de 2024, como o vencedor do Prémio Oceanos, na categoria de poesia, com a obra Uma colheita de silêncios (Dom Quixote). A cerimónia decorreu no auditório do Itaú Cultural, em São Paulo, num momento marcado pela homenagem a uma das figuras mais proeminentes da literatura lusófona. Esta vitória consolida o legado do autor como uma das vozes mais marcantes da poesia contemporânea em língua portuguesa.
A edição de 2024 do Prémio Oceanos reuniu uma seleção de dez finalistas provenientes de Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal, refletindo a riqueza e diversidade da literatura em língua portuguesa. Na categoria de poesia, para além de Nuno Júdice, destacaram-se Álvaro Taruma, de Moçambique (Guia de combate a incêndios em estações de seca), José Luiz Tavares, de Cabo Verde (A luz líquida das manhãs), e os brasileiros Rodrigo Lobo Damasceno (O pássaro-trovão) e Juliana Krapp (A lembrança é um lírio que murcha).
Na categoria de prosa, o vencedor foi a escritora Micheliny Verunschk, com a obra Caminhando com os Mortos, numa competição que incluiu nomes consagrados como Hélia Correia e Germano Almeida, entre outros.
Nuno Júdice deixou uma obra vastíssima que atravessa várias áreas literárias. Nascido em 1949, licenciou-se em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa e doutorou-se em Literatura Medieval na Universidade Nova de Lisboa, onde também lecionou. Ao longo da sua vida, foi Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal e Diretor do Instituto Camões em Paris, tendo desempenhado um papel fundamental na divulgação da cultura portuguesa no estrangeiro.
Publicou mais de 30 livros de poesia e recebeu alguns dos mais importantes prémios literários em Portugal e no estrangeiro, como o Prémio Iberoamericano Rainha Sofia (2013) e o Grande Prémio de Poesia Maria Amália Vaz de Carvalho (2021). A sua obra está traduzida em várias línguas e publicada em países como França, Espanha, Itália, Reino Unido, Estados Unidos e Israel. Além de poeta, foi diretor da revista Tabacaria e da publicação Colóquio-Letras, deixando uma marca profunda no panorama cultural e literário.
Realizado pela Associação Oceanos em parceria com o Itaú Cultural, o Prémio Oceanos é uma das mais prestigiadas distinções literárias para obras em língua portuguesa. Conta com o apoio de entidades como o Banco Itaú e a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas de Portugal, reforçando o papel central da literatura lusófona no mundo.
Fotografia de Nuno Júdice: Luísa Ferreira.
Fotografia de Micheliny Verunschk: Renato Parada.