David Ferreira
[Elvas, 1897 - Lisboa, 1989]
Profissional de seguros colaborou em revistas da especialidade. Desde a época da sua fundação, em Outubro de 1921, fez parte do grupo da Seara Nova, tendo sido o autor do primeiro artigo da revista cortado pela Censura e que se intitulava «Regime do aprendizato». Aí se criticava a incompetência dos ministros do primeiro governo nomeado após o golpe de 28 de Maio de 1926. Durante vários anos pertenceu ao corpo redactorial da revista.
Participou em sucessivos movimentos revolucionários como agente de ligação entre as forças civis e militares e após o fracasso das revoluções de Fevereiro de 1927, foi demitido das funções que exercia desde 1922 na Biblioteca Nacional de Lisboa, juntamente com Jaime Cortesão, Raul Proença, António Sérgio e Aquilino Ribeiro.
Um dos principais responsáveis pela distribuição clandestina dos Panfletos de Raul Proença, na qualidade de representante da Junta Revolucionária foi enviado a Paris (1928) e a Madrid (1931) para negociar com a Liga para a Defesa da República (mais vulgarmente conhecida por Liga de Paris) a entrada clandestina de armamento em Portugal.
Colaborou, com artigos da mais diversa índole, no Dicionário de História de Portugal, dirigido por Joel Serrão, tendo consagrado muitos deles a figuras relevantes da Monarquia e da Primeira República, como Manuel de Arriaga, Brito Camacho, Manuel Teixeira-Gomes, Raul Proença, etc., e tendo versado também problemas políticos e sociais de grande impacte na época, tais como a intervenção de Portugal na Primeira Grande Guerra, o anticlericalismo, o Integralismo Lusitano, a Legião Vermelha, as leis do trabalho, etc.
É pai do escritor David Mourão-Ferreira.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. III, Lisboa, 1994
