José Gil
[Muecate, Moçambique, 1939]
Professor universitário, filósofo, ensaísta e ficcionista.
Completou o 1º. ano do curso de Ciências Matemáticas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (1958) e partiu para Paris. Licenciou-se em Filosofia na Faculdade de Letras de Paris (Sorbonne) em 1968, tendo obtido também nessa Faculdade a maîtrise de Philosophie no ano seguinte. Em 1982 obteve o doctorat d´Etat de Philosophie com a tese Le Corps comme Champ du Pouvoir. Entre 1965 e 1973 leccionou Filosofia no Liceu Misto de Pontoise (França), ao que se seguiram as funções de coordenador do departamento de Psicanálise e Filosofia da Universidade de Paris VIII, a partir de 1974. Paralelamente exerceu a actividade de tradutor de documentos científicos no Centre for Educational Research and Innovation da O.C.D.E. (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico).
Em 1976 regressa a Portugal, tendo assumido o cargo de adjunto do secretário de Estado do Ensino Superior e da Investigação Científica no VI Governo Provisório. Foi bolseiro do governo francês para conclusão de redacção de tese de doutoramento. Em 1981 inicia funções docentes, como professor auxiliar convidado, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde é actualmente professor catedrático. Exerceu docência noutras universidades, das quais se referem o Collège International de Philosophie (CIPh), em Paris, e a New School for Dance Development, em Amesterdão.
Tem vasto trabalho científico publicado em revistas especializadas e enciclopédias, nacionais e estrangeiras, designadamente Encyclopédie de la Vie Française, Enciclopédia Einaudi, Análise e Cadernos de Subjectividade (S. Paulo, Brasil). Dirige, desde 1996, a Colecção de Filosofia da editora Relógio d´Água. É membro de diversas organizações, nomeadamente o Gabinete de Filosofia do Conhecimento e o Cercle Culturel Senastianu Costa (França).
«Retomando a temática original de Deleuze, a da fenomenologia, José Gil escolherá como núcleo da sua reflexão o corpo, colocando-o como instância enquanto transcendental.» (Eduardo Lourenço). José Gil publicou alguns trabalhos importantes sobre Fernando Pessoa que se distinguem radicalmente das abordagens tradicionais dos estudos literários. «Gil propõe um novo paradigma dos estudos pessoanos. Mais profundamente, é a uma ligação mais precisa entre o corpo e a escrita poética que se vinculam as suas análises, para além das metáforas habituais sobre "o corpo da escrita" ou "a escrita do corpo". Espantosamente, Gil descobre um Pessoa deleuziano.» (Eduardo Lourenço).
A sua última obra, Portugal, Hoje. O medo de existir (a única escrita directamente em português e publicada em Nov. de 2004), teve quatro edições em três meses.
A revista francesa Le Nouvel Observateur, em número especial comemorativo do seu 40º. aniversário (Jan. de 2005), considerou-o um dos «25 grands penseurs du monde entier».
Centro de Documentação de Autores Portugueses
02/2005