José Augusto Seabra
[Vilarouco/São João da Pesqueira, 1937 - Paris, 2004]
Poeta, ensaísta e professor universitário.
Fez o ensino secundário no Porto e matriculou-se em Direito na Universidade de Coimbra, onde, enquanto dirigente do Movimento de Unidade Democrática Juvenil, foi preso (1954), transferindo-se, depois, para a Faculdade de Direito lisboeta, onde se licenciou em 1961, ano em que demanda o exílio francês, donde retornou após o 25 de Abril de 1974.
Orientando de Roland Barthes, doutorou-se na Sorbonne com uma tese sobre Fernando Pessoa – que apresentará em algumas edições francesas –, tendo exercido a docência e a investigação em estruturas do ensino superior francês.
Regressado ao Porto, tornou-se catedrático da respectiva Universidade e, deputado do então PPD (Partido Popular Democrático) à Assembleia Constituinte, saiu desse partido para fundar um pouco consistente Movimento Social-Democrata (MSD). De volta ao já PPD/PSD (Partido Social Democrata), de novo foi eleito deputado, embora passasse a ministro da Educação do Bloco Central (1983) e, com o fim da coligação PS/PSD, fosse nomeado embaixador de Portugal junto da UNESCO (1986), e, mais tarde, algo contrariado, nosso representante na Índia, cargo que largou por crescente incompatibilidade com o segundo governo maioritário de Cavaco Silva, com abandono, por último, do próprio partido (1994). É actualmente embaixador de Portugal em Bucareste, Roménia.
Múltiplo colaborador da imprensa ante-abrilista (O Mensageiro, Coordenada, Quadrante), multiplicou-se em iniciativas após o regresso a Portugal, tendo fundado, nomeadamente, o Centro de Estudos Pessoanos e o Centro de Literatura Portuguesa da Universidade do Porto, além de ser um dos organizadores da Comissão Cívica Independente e do movimento cultural Nova Renascença (1980), cuja revista sazonal tem a sua direcção literária, tal como teve o suplemento «Cultura e Arte» de O Comércio do Porto na década de oitenta.
Está traduzido em várias línguas, sobretudo francês. Assina prefácios (alguns de carácter político), estudos e colaboração literária diversa em inúmeras revistas (Colóquio/Letras, Cruzeiro Semiótico, Nova Renascença, Revista da Universidade de Coimbra, Sillages, Persona, O Tempo e o Modo, etc.) e em volumes individuais e colectivos, como «Le Retour d'Orpheu» e Le Retour des Dieux, tradução dos manifestos pessoanos e dos modernistas portugueses (Paris, 1973). Dez anos depois, introduziria as provas de página de Orpheu 3.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. VI, Lisboa, 1999