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sábado, 21-12-2024
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Informação Detalhe sobre uma Obra

Informação Detalhe sobre uma Obra
                  
Anoiteceu no Bairro
Anoiteceu no Bairro
1ªed.
Lisboa: Casa do Livro, 1946
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Anoiteceu no Bairro
2ªed.
Lisboa: Editorial Notícias, 2004
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Sinopses
Das notas de Maria Fernanda de Abreu à 2.ª edição: Com apenas 23 anos, Natália Correia publicou este romance que, numa jovem escritora, pode surpreender positivamente: pela escrita vigorosa, pela solidez da sintaxe narrativa e pela clareza das posições ideológicas. São, afinal, já tão cedo, as mesmas que vai aprofundar ao longo de uma vida onde nunca separou os valores estético-literários da participação histórica e cívica. Uma rua de Lisboa, com as suas gentes, as suas casas, os seus hábitos. Uma galeria de personagens, de ofícios e de comportamentos: do jovem marçano ao homem das castanhas, velho e sábio, da actriz reformada, dona da pensão, à prostituta que sustenta a família. O destino das pessoas e do bairro, a materialização da dor humana esfarrapada, exposta, vertendo pus e sangue... Anoiteceu no Bairro revela, além do mais, a cuidada aprendizagem de uma tradição romanesca onde se cruzam as vozes de Dostoievski, aqui invocado, e os caminhos do romance naturalista urbano: nos tipos, na construção dos ambientes e dos retratos, nas situações. E vemos já a futura dramaturga - autora de peças como A Pécora, entre outras das maiores que deu ao teatro português do século XX - a ensaiar aqui, com sucesso, a arte da representação teatral e da composição do diálogo. O «monólogo interior» serve-lhe para aprofundar «os olhos da alma» dessas personagens que parecem acreditar num destino hostil, mas que a jovem escritora põe a interrogarem-se sobre essa força que é, para algumas, um horrível fatalismo da raça. Luísa, uma das protagonistas, encarna um final feliz, que vem da capacidade de reacção e de luta contra a inacção que caracteriza a mulher como vítima da sociedade burguesa, «na vexatória dependência do homem». Para lá do bem e do mal, e já na convocação de Nietzsche, o pensador que a escritora até ao fim há-de seguir. Depois, indo mais longe, o que poderia parecer reivindicação de género vai, explicitamente, simbolizar a luta de todo um povo. Na luta contra esse destino, as mulheres - criaturas educadas no princípio negativo de se deixarem conduzir - surgem também, afinal, como representantes de um modus vivendi, de uma mentalidade, que urge combater, e que é o alicerce podre de um povo que dera alguma coisa ao mundo e permanecia narcisado, de joelhos, de costas para o presente e rosto para o passado, repetindo, sem convicção mas para próprio alento, a história já safada dos avós.