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Thursday, 21-11-2024
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You are welcome to Elsinore

You are welcome to Elsinore
YOU ARE WELCOME TO ELSINORE

Between us and words there’s molten metal
between us and words there are spinning propellers
that can kill us     ravish us     wrench
from our inner depths the most worthwhile secret
between us and words there are burning profiles
spaces full of people with their backs turned
tall poisonous flowers     closed doors
and stairs and ticking clocks and seated children
waiting for their time and their precipice

Along the walls in which we live
there are words of life     words of death
there are vast words that wait for us
and other, fragile words that have stopped waiting
there are words lit up like boats
and there are words that are men, words that conceal
their secret and their position

Between us and words, without a sound,
the hands and walls of Elsinore

And there are words of night words that are moans
illegible words that rise to our lips
diamond words unwritten words
words that can’t be written
because here we don’t have any violin strings
we don’t have all the world’s blood or the air’s whole embrace
and the arms of lovers write high overhead
far beyond the blue where they rust and die
maternal words just shadow just sobbing
just spasms just love just solitude’s dissolution

Between us and words those who are walled in,
and between us and words our duty to speak

© Translation: 2005, Richard Zenith
YOU ARE WELCOME TO ELSINORE

Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte     violar-nos     tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas     portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício

Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida     há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras, surdamente,
as mão e as paredes de Elsinore

E há palavras nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmos só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar

© 1957, Mário Cesariny
From: Pena Capital
Publisher: Assírio & Alvim, Lisbon, 2004
ISBN: 972-37-0512-5