Today someone read me St. Francis of Assisi. I listened and couldn’t believe my ears. How could a man who was so fond of things Never have looked at them or understood what they were?
Why call water my sister if water isn’t my sister? To feel it better? I feel it better by drinking it than by calling it something – Sister, or mother, or daughter. Water is beautiful because it’s water. If I call it my sister, I can see, even as I call it that, that it’s not my sister And that it’s best to call it water, since that’s what it is, Or, better yet, not to call it anything But to drink it, to feel it on my wrists, and to look at it, Without any names.
© Translation: 2006, Richard Zenith From: A Little Larger Than the Entire Universe: Selected Poems Publisher: Penguin, New York, 2006, 0-14-303955-5
| Leram-me hoje S. Francisco de Assis. Leram-me e pasmei. Como é que um homem que gostava tanto das cousas Nunca olhava para elas, não sabia o que elas eram?
Para que hei-de chamar minha irmã à água, se ela não é minha irmã? Para a sentir melhor? Sinto-a melhor bebendo-a do que chamando-lhe qualquer cousa – Irmã, ou mãe, ou filha. A água é a água e é bela por isso. Se eu lhe chamar minha irmã, Ao chamar-lhe minha irmã, vejo que o não é E que se ela é a água o melhor é chamar-lhe água; Ou, melhor ainda, não lhe chamar cousa nenhuma, Mas bebê-la, senti-la nos pulsos, olhar para ela E tudo isto sem nome nenhum.
© 1917, Alberto Caeiro (Fernando Pessoa) From: Poesia Publisher: Assírio & Alvim, Lisbon, 2001 ISBN: 972-37-0654-7
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