I don’t know if the stars rule the world Or if Tarot or playing cards Can reveal anything. I don’t know if the rolling of dice Can lead to any conclusion. But I also don’t know If anything is attained By living the way most people do.
Yes, I don’t know If I should believe in this daily rising sun Whose authenticity no one can guarantee me, Or if it would be better (because better or more convenient) To believe in some other sun, One that shines even at night, Some profound incandescence of things, Surpassing my understanding.
For now... (Let’s take it slow) For now I have an absolutely secure grip on the stair-rail, I secure it with my hand – This rail that doesn’t belong to me And that I lean on as I ascend... Yes... I ascend... I ascend to this: I don’t know if the stars rule the world.
© Translation: 1998, Richard Zenith From: Fernando Pessoa & Co. – Selected Poems Publisher: Grove Press, New York, 1998, 0-8021-3627-3
| Não sei se os astros mandam neste mundo, Nem se as cartas – As de jogar ou as do Tarot – Podem revelar qualquer coisa.
Não sei se deitando dados Se chega a qualquer conclusão. Mas também não sei Se vivendo como o comum dos homens Se atinge qualquer coisa.
Sim, não sei Se hei-de acreditar neste sol de todos os dias, Cuja autenticidade ninguém me garante, Ou se não será melhor, por melhor ou por mais cómodo, Acreditar em qualquer outro sol – Outro que ilumine até de noite, – Qualquer profundidade luminosa das coisas De que não percebo nada…
Por enquanto… (Vamos devagar) Por enquanto Tenho o corrimão da escada absolutamente seguro, Seguro com a mão – O corrimão que me não pertence E apoiado ao qual ascendo… Sim… Ascendo… Ascendo até isto: Não sei se os astros mandam neste mundo…
© 1935, Álvaro de Campos (Fernando Pessoa) From: Poesia Publisher: Assírio & Alvim, Lisbon, 2002 ISBN: 972-37-0677-6
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