O anúncio foi feito após a reunião que decorreu esta tarde, tendo a decisão sido tomada pelo júri constituído por Ana Mafalda Leite (Portugal), José Carlos Seabra Pereira (Portugal), Francisco Noa (Moçambique), Arno Wehling (Brasil), Maria Lucia Santaella Braga (Brasil) e Lopito Feijóo (Angola).
O Júri decidiu atribuir o Prémio Camões 2025 à "escritora angolana Ana Paula Tavares, distinguindo a sua fecunda e coerente trajetória de criação estética e, em especial o seu resgate de dignidade da Poesia. O Júri sublinhou que, com a dicção do seu lirismo sem concessões evasivas e com os livres compromissos da produção em crónica e em ficção narrativa, a obra de Ana Paula Tavares ganha também relevante dimensão antropológica em perspetiva histórica."
Ana Paula Tavares nasceu em 1952 na cidade do Lubango (Huíla), em Angola. É Doutorada em Antropologia da História pela Universidade Nova de Lisboa (2010), Mestre em Literatura Brasileira e Literaturas Africanas de Língua Portuguesa pela Universidade de Lisboa (1996), Bacharel e Licenciada em História pela Universidade de Lisboa (1982).
É autora de vasta obra literária em prosa e poesia e de textos científicos, sendo que grande parte de sua obra está publicada em antologias editadas em diversos países.
Integrando a "novíssima geração de 80", Ana Paula Tavares é uma das vozes femininas angolanas que desde sempre tem manifestado uma grande preocupação com a condição da mulher em Angola. A sua utilização da palavra poética através de um "sujeito poético" feminino, é veículo de denúncia, afirmação e de libertação da carga tradicional, enquanto jugo opressor da mulher africana nos seus diferentes contextos sociais e culturais.
Dedica também a sua atenção às áreas da cultura, museologia, arqueologia e etnologia, património e ensino, colaborando com várias instituições como investigadora convidada do CLEPUL (Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias) da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e com o AHNA (Arquivo Histórico Nacional de Angola).
Do seu percurso profissional constam vários cargos, que passam pelo Ensino, a Museologia, o Património, a Animação Cultural, a Arqueologia e a Etnologia, sendo frequentemente convidada para participar em simpósios e congressos nacionais e internacionais. É também responsável pela elaboração de diversos projetos culturais e colabora com diversas organizações, tais como: Associação Angolana do Ambiente (AAA); Comité Angolano do Conselho Internacional de Museus (ICOM); Comité Angolano do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS) e Comissão Angolana para a UNESCO.
Ana Paula Tavares vive atualmente em Lisboa e é docente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
O Prémio Camões, instituído por Portugal e pelo Brasil em 1989, é o maior prémio de prestígio da língua portuguesa. Com a sua atribuição, é prestada anualmente uma homenagem à literatura em português, recaindo a escolha num escritor cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento da língua portuguesa. O Prémio Camões tem o valor de cem mil euros, sendo financiado em partes iguais pelos Governos de Portugal e do Brasil.
O Prémio Camões foi já atribuído, por ordem cronológica, a Miguel Torga (Portugal), João Cabral de Mello Neto (Brasil), José Craveirinha (Moçambique), Vergílio Ferreira (Portugal), Rachel de Queiroz (Brasil), Jorge Amado (Brasil), José Saramago (Portugal), Eduardo Lourenço (Portugal), Pepetela (Angola), António Cândido (Brasil), Sophia de Mello Breyner Andresen (Portugal), Autran Dourado (Brasil), Eugénio de Andrade (Portugal), Maria Velho da Costa (Portugal), Rubem Fonseca (Brasil), Agustina Bessa-Luís (Portugal), Lygia Fagundes Telles (Brasil), Luandino Vieira – recusado (Angola), António Lobo Antunes (Portugal), João Ubaldo Ribeiro (Brasil), Arménio Vieira (Cabo Verde), Ferreira Gullar (Brasil), Manuel António Pina (Portugal), Dalton Trevisan (Brasil), Mia Couto (Moçambique), Alberto da Costa e Silva (Brasil), Hélia Correia (Portugal), Radouan Nassar (Brasil), Manuel Alegre (Portugal), Germano Almeida (Cabo Verde), Chico Buarque (Brasil), Vítor de Aguiar e Silva (Portugal), Paulina Chiziane (Moçambique), Silviano Santiago (Brasil), João Barrento (Portugal) e Adélia Prado (Brasil).