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Conhecer o vasto mundo da edição revela-se em Portugal (como no resto do mundo) uma tarefa muitíssimo difícil, dado que esta indústria não disponibiliza, de modo genérico e sistemático, nem suficientes dados objetivos, nem muitos estudos críticos.

Exemplar neste sentido, é o sítio inglês The Bookseller.com, uma referência absoluta para livreiros e editores não apenas do Reino Unido, mas de mais cerca de 100 países: oferece informação diária sobre o mercado do livro, artigos de opinião, blogues, dados sobre autores, dados financeiros, etc, e permite a pesquisa de um extenso arquivo de conteúdos editados. Publica o «Official UK Top 50», e é a mais completa base de dados online sobre emprego na edição para o Reino Unido. Edita ainda dois noticiários diários via email, um email semanal sobre direitos editoriais, e outro (também semanal) sobre emprego. Num breve noticiário regular, publica, em primeira mão, histórias do mundo editorial. Oferece também um programa de seminários e conferências, e promove os Bookseller retail awards. Embora a maior parte do seu conteúdo apenas seja acessível através de subscrição, uma selecção diária dos conteúdos, bem como diferentes blogues, são disponibilizados ao público em geral.

Já o CERLALC (Centro Regional para el fomento del Libro en America Latina y el Caribe), um organismo iberoamericano e intergovernamental, que trabalha pelo desenvolvimento e integração desta zona do mundo, através da construcção de sociedades leitoras, constitui outra preciosa fonte de informação, dado que, para além de fornecer dados sobre a região, providencia também alguns dados globais sobre o sector do livro.

De características semelhantes, o portal espanhol Ediciona, dirigido a profissionais e empresas do sector editorial, promove e divulga todos os agentes do processo de criação, produção, distribuição e venda de livros e periódicos. Com o objetivo de criar uma comunidade em rede de contactos vinculados e de troca experiências, faculta a cada utilizador um espaço individual online, e promove a discussão em fóruns temáticos moderados por especialistas. Para incentivar a modernização da edição, divulga informação diária e actualizada sobre o movimento e a evolução do sector, sobre formação e bolsas de estudo, software especializado, legislação, estudos, etc..

Para conhecer o mercado editorial português, sugere-se a consulta do estudo Edição e comercialização de livros em Portugal: empresas, volume de negócios e emprego (2000-2008), da autoria de José Soares Neves e de Jorge Alves dos Santos, publicado pelo Observatório das Actividades Culturais (OAC) em 2010. De então para cá, é conhecida a contração do mercado de venda de livros que não voltou a registar o volume de vendas dos anos anteriores à crise económica, à qual também não escapou a própria concentração de pequenas e médias editoras em grandes grupos editoriais dos últimos anos. Em contraciclo assistimos à criação de muito pequenas editoras cuja atividade tem vindo a aumentar em moldes inovadores: títulos de qualidade, tiragens baixas, distribuição inovadora.

Em Portugal, podemos considerar que são os consultores editoriais Booktailors quem cumpre este papel informativo: divulgam informação diária actualizada, acompanham e colaboram e produzem os principais eventos editoriais, promovem prémios de edição e organizam cursos breves para os profissionais da área, agenciam autores (ver Bookoffice).

Para conhecer as editoras portuguesas, a base de dados denominada EDITORAS, da responsabilidade da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) e em permanente actualização, é a fonte de informação mais completa.

Apesar do tom humorístico, os textos sobre como editar um primeiro livro em Portugal, da autoria da assitente editorial Safaa Dibe do editor Francisco Vale no blogue da Relógio d´Água Editores, são reveladores do funcionamento do mercado nacional da edição em papel.

No final de 2012, surgiu o blogue Edição exclusivaque se subintitula como «Blogue coletivo dos principais especialistas do livro em Portugal - o think tank do livro».

A partir dos sítios das principais entidades que fornecem dados sobre o mercado do livro, coligimos informação (apresentada em baixo) pertinente sobre:

  • Edição online, edição digital, ebooks;
  • Impressão a pedido e edições de autor (Print on demand and self publishing) ;
  • Audiolivros.

Edição online, edição digital, ebooks

No que respeita à edição digital propriamente dita, há quem afirme, como o sítio espanhol Livros & tecnologia, - que segue de perto a (r)evolução das novas tecnologias aplicadas ao sector editorial, bem como as respectivas consequências - que «O livro digital ganhou outra vida». O que é já evidente é um diferente protagonismo por parte dos autores (Cf. o tópico Literatura), mas sobretudo por parte dos leitores (Cf. o tópico Leitores e leituras) e o facto de as livrarias terem aderido à venda de livros digitais (Cf. o tópico Livrarias) . Para acompanhar as questões que presentemente se colocam a todo o mercado do livro, sugerimos o blogue Futuros del libro [encerrado] de Joaquín Rodríguez, sociólogo espanhol especializado em edição, que defende a mudança radical das maneiras de criar, difundir e consumir os conteúdos do livro, nomeadamente com a edição 2.0.  Também o sítio The reader (on books and techonology today and tomorow) oferecia informação multimédia atualizada sobre estes novos suportes, como o Iphone e o e-book.

Em Portugal, a editora Centro Atlântico  foi a primeira, em 1994, a desenvolver e a dedicar-se em exclusivo a conteúdos sobre a Internet e a sociedade de informação e, em 1999, a editar e-books. Por sua vez, a Sinapsescriada por João Pedro Pereira, Jorge Vaz Nande e Rui Justiniano em 2006, foi a primeira editora portuguesa de livros online, (sujeitos contudo à aprovação prévia da respectiva comunidade de utilizadores registados) sendo da competência da Sinapses a revisão da obra e o contrato de edição. A editora terminou a actividade em Janeiro de 2010, segundo os seus organizadores, por impossibilidade de dedicação profissional exclusiva ao projecto. Em 2010, a Várzea da Rainha Impressores (VRI) deu inicio a este novo tipo de edição. O ponto da situação feito, em Janeiro de 2011, pela TVI 24 no artigo «Livros digitais: e se a moda pegar?» revela-nos que apenas o grupo LEYA disponibiliza umas centenas de livros digitais os quais se encontram adaptados à maioria, mas não a todos, dos dispostivos à venda no mercado.

Por outro lado, em Portugal os suportes tipo e-book são ainda considerados dispendiosos e pouco amigáveis e as editoras não investem neste suporte. Neste âmbito, sugerimos a leitura da entrevista sobre a Sinapses publicada no sítio E-book Portugal e a consulta do sítio do professor a Universidade de Coimbra, Manuel Portela, Web DigLitWeb: Literatura Digital que vão acompanhando os avanços da leitura digital. Numa altura em que a crise provavelmente retardou o arranque dos e-readers, o Kindle, para os grandes leitores com menos de 40 anos, é genericamente considerado em 2015 o melhor leitor/substituto do livro em papel.

A partir do final de 2009, o já referido sítio eBook Portugal actualiza as novidades sobre e-books, e-readers e mesmo notebooks em Portugal, não apenas no domínio do hardware e do software, mas também da adaptação de autores, editoras, media e produtores de conteúdos em geral. Segundo este sítio, os próximos anos serão decisivos para a edição de ebooks em Portugal.  Numa perspetiva mais educacional, aconselha-se a leitura do blogue Ler ebooks: a leitura em ecrã, da autoria de Carlos Pinheiro, professor-bibliotecário.

Ler e escrever para a Internet, nomeadamente para sítios e blogues, requerem uma aprendizagem específica, como, entre muitos outros, afirma Michael Agger no artigo Lazy eyes: how we read online publicado em Slate, um jornal diário generalista online americano, propriedade da Washington Post Company. Neste artigo, Agger sistematiza os principais estudos efectuados sobre a leitura digital, nomeadamente os do conhecido especialistas nesta matéria, Jacob Nielsen.

O sítio Build your own website fornece informação útil sobre a construção de sítios e vários outros sistematizam dicas sobre escrita para a web, como as 10 Tips for Good Web Writing. O sítio Leaf digital de Samuel Marshall oferece nas páginas Good websites um conjunto de lições e de tópicos para a construção de sítios, bem como um tutorial sobre HTML/CSS básico (datado de 2001).

Para uma visão mais institucional, recomenda-se a leitura de Avaliacão Externa de WebSites do Programa ACESSO da UMIC - Agência para a Sociedade do Conhecimento, I.P que, embora datado de 2003, trata esta questão em profundidade. No seu sítio espanhol Ciberprensa, Fernando Tellado sistematiza, com sentido de humor, as características da escrita para blogues: «Lo que ódio ver en un blog»Na conferência «Livro: o sarcófago aberto» (2007) o especialista espanhol José António Millán trata, também com graça, a evolução do livro (conteúdo e suporte) ao longo dos tempos até aos nossos dias.

Impressão a pedido e edições de autor (Print on demand (POD) e self publishing)

Embora relativamente recentes, algumas das novas editoras do século XXI oferecem a todos quantos o pretendam a possibilidade de editar livros, em papel ou em formato digital, de modo simples, mas eficiente, para além de muito económico. Com a vantagem acrescida de o autor controlar todo o processo editorial (incluindo o preço de venda ao público), e de receber 80% das vendas realizadas. Se alguém o vai ou não ler depois, para além da família e dos amigos do autor, essa é outra questão, a que Manuel de Freitas, da editora Booksmile, tenta responder em: Quer editar um livro? Pergunte-me como

A título de exemplo, vejam-se as seguintes editoras:

Em Portugal, O Sítio do Livro  uma sociedade por quotas constituída em 2009, com protocolo firmado com a Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) −, visa publicar e comercializar, exclusivamente pela Internet, obras que não se encontrem à venda no circuito livreiro. Pretende ainda vir a ser um canal privilegiado para o escoamento das sobras das edições retiradas do circuito livreiro.

Bubok, a empresa espanhola congénere, que se dedica em exclusivo à edição de livros, foi lançada em Dezembro de 2007 por Ángel María Herrera. Com o objectivo de permitir a todo e qualquer pessoa dar a conhecer a sua obra de forma simples e rápida, Bublok pretende também servir a impressão a pedido (on demand) de obras esgotadas. Em Abril de 2009, foi criado o Prémio Bubok de Criação Literária que premeia com 2000 € um livro inédito, em castelhano, editado evidentemente pela Bubok. Em Portugal, a Bubok.Pt , lançada em Junho de 2009, editava, no mês seguinte, um livro por dia e a tendência é a de aumentar o número de títulos editados.

A empresa americana Lulu, criada em 2002 por Bob Young, que é, de entre estas novas editoras multimédia, uma das mais conhecidas, disponibiliza todas as ferramentas e apoios necessários à edição de livros, vídeos, fotografias e música, tanto em formato «tradicional» como digital. Oferecidos em 60 000 pontos de venda distribuídos por mais de 100 países, a Lulu recebe 15.000 novos registos por semana e mais de 100 mil visitas diárias de um total de cerca de 1.3 milhões de utilizadores (dados de 2008). Com mais de 1500 livros editados em língua portuguesa no início de 2011 (incluindo traduções), esta nova editora online dá-nos a conhecer, através da informação especializada que disponibiliza (fóruns, blogue, textos, apoio individualizado online 24H00 sobre 24H00), um novo mundo da edição sem editor. Embora datado de 2011, aconselha-se a leitura do POD (print on demand), do ponto de vista de um autor-ilustrador português, Luís Peres, no respetivo blogue.

Blurb é outra destas plataformas de edição de livros que permite a qualquer utilizador fazer, partilhar, comercializar e vender livros. Fundada por Eileen Gittins, em 2004, editou cerca de 90.000 títulos em 2007.

Tikatok é o sítio americano que ensina crianças até aos 13 anos a inventar histórias, a escrevê-las e a ilustrá-las através de um tutorial interactivo. De inscrição gratuita, as crianças, orientadas pelos respectivos pais e educadores, são incentivadas a partilhar histórias com uma comunidade de pequenos escritores e contadores de histórias. A edição de um livro impresso custa entre 15$ e 18$ em 2010. O sítio providencia ainda um programa específico para bibliotecas.

Para uma reflexão sobre a digitalização do livro, sugere-se a consulta do estudo A digitalização do livro em Espanha realizado pela rede social Ediciona e Dosdoce, um observatório de análise da relação entre as novas tecnologias e o mundo cultural.

 

Audiolivros

Anteriores aos ebooks, os audiolivros foram desenvolvidos em 1932, pela American Foundation for the Blind - Fundação Americana para os Cegos. Destinados de início aos invisuais, e depois às escolas e à promoção da leitura, é a partir de 1970, com a progressiva vulgarização dos leitores de cassetes, que a edição de audiolivros se generaliza nos países anglo-saxónicos. Largamente solicitados pelas Bibliotecas Públicas Municipais e pelo cidadão comum, este tipo de edição contempla uma vertente comercial e outra gratuita. No nosso país, este mercado é incipiente e sem expressão nos hábitos de consumo quotidianos dos portugueses. Em 2007, a editora 101 Noites publicou uma colecção de contos de literatura portuguesa denominada Livros para ouvir, dando assim início a uma biblioteca sonora. Em 2008, surgiu no mercado a editora A boca destinada à edição de audiolivros em formato MP3 e CD.

Neste âmbito, cabe ainda mencionar as potencialidades de criação de novos livros-visuais, em particular as obras de referência como o dicionário de inglês Wordia, que combinava o tradicional dicionário da Harper Collins com vídeos de utilizadores, que deste modo publicavam a sua definição de uma determinada palavra. Também democraticamente editado, novas definições de uma palavra podiam ser propostas e discutidas e os utilizadores convidados a votar a respetiva relevância, precisão e sentido de humor. O site oferecia 76 000 palavras e 20 000 definições, para além das 21 000 palavras listadas no dicionário tradicional. Com o objectivo de melhorar o vocabulário de todos e, descobrindo, simultaneamente, o que significam as palavras para as pessoas, este projecto (que encerrou em 2011), contava com a colaboração do The National Literacy Trust e da Open University do Reino Unido.