Guedes de Amorim
[Sedielos, Peso da Régua, 1901 - Lisboa, 1979]
Autodidacta, foi jornalista e escritor. Usou vários pseudónimos, entre eles os de António de Sedielos, Edgar Powell e Carlos Adureira.
Muito jovem iniciou a sua actividade jornalística na cidade do Porto, colaborando nos jornais Tribuna, Montanha, Diário do Porto e Jornal de Notícias, em secções próprias, e ainda em vários outros jornais e revistas. Em 1934 ou 35 opta por viver em Lisboa, trabalhando para os jornais ABC, Novidades, Diário Liberal, Diário da Manhã, Século e Vida Mundial, estabilizando-se, finalmente, no Século Ilustrado. Entretanto foi dando colaboração diversa, de que se destacam o conto e a crónica, noutros jornais e revistas. «Encontro-me voltado, desde a infância, para as dores alheias e obrigações de fraternidade», reconheceu o autor, o que se ajusta à visão que nos deixam a sua obra e a sua vida.
O cristianismo inicial, o agnosticismo e a reconversão final foram etapas interiores que determinaram, claramente, as formas e os conteúdos do seu labor literário. Sendo sobretudo um repórter apaixonado das paisagens humanas, o homem de missão, que sempre se assumiu, continua a evidenciar-se mesmo quando experimenta a ficção sensacionalista ou a de contestação social, que O Homem da Rua tipifica. Contudo, será Casa de Judas o livro que melhor denota o equilíbrio entre o rigor da expressão formal e a fidelidade ao fenómeno social e político que descreve e que já deixa antever, indicialmente, a transformação interior que se irá operar, levando-o a escrever a biografia de Francisco de Assis, a vestir e receber o hábito e o cordão de terceiro franciscano, e a seguir-lhe o exemplo da pobreza material.
Deixou inédito A Epopeia dos Setecentos Anos de Missionação e Martírio da Terra Santa.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. IV, Lisboa, 1997
