Manuel Laranjeira
[Vergada, Feira, 1877 - Espinho, 1912]
Médico, filósofo, poeta e dramaturgo, uma das figuras mais notáveis do pensamento português na época de transição da Monarquia para a República, toda a sua obra está imbuída daquele «sentimento trágico da vida» que levou Unamuno, com quem longamente se correspondeu, a considerá-lo um dos expoentes máximos do «pessimismo nacional» – título de um seu ensaio publicado em O Norte entre 1907 e 1908.
Noutros jornais e revistas do Porto e Lisboa publicou numerosos estudos, crónicas e artigos, parte dos quais se encontra reunida no volume Prosas Perdidas (1958), organizado por Alberto de Serpa, a quem também ficaram a dever-se a publicação duma recolha das suas Cartas (1943) e a do Diário Íntimo (1957).
Em vida publicou o prólogo dramático ... Amanhã (1902), a sua tese de formatura na Escola Médico-Científica do Porto, A Doença da Santidade, «ensaio psicopatológico sobre o misticismo de forma religiosa», (1907) uma série de conferências que proferiu na Univeraidade Livre, A Vida (1909) e, ainda nesse ano, um «ensaio médico-biológico sobre o valor educativo do método de João de Deus aplicado no ensino da leitura», a «Cartilha Maternal» e a Fisiologia, o livro de versos Comigo (1912).
Em edição póstuma, o ensaio Pessimismo Nacional (1955) e a peça em 1 acto Às Feras (1985). Inéditas, e em parte perdidas, ficaram as peças O Filósofo (1898), a farsa em 1 acto Naquele Engano de Alma... (1911) e o drama Almas Românticas, que não chegou a completar.
O «prólogo» ... Amanhã e Às Feras, levados à cena pelo «Teatro Livre» nas suas duas primeiras temporadas (1904 e 1905), constituem, sobretudo o segundo, dois dos mais fortes e significativos textos do naturalismo dramático entre nós, de que Laranjeira foi estrénuo defensor. Ver, de Orlando da Silva, a «fotobiografia» Manuel Laranjeira (1877-1912). Vivências e Imagens de Uma Época, s/l., 1992.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. III, Lisboa, 1994