Reinaldo Ferreira
[Barcelona, 1922 - Lourenço Marques (hoje Maputo), 1959]
Poeta. Filho do jornalista Reinaldo Ferreira, o famoso Repórter X, fez os seus estudos no Porto até ao 6º. ano liceal, tendo ido para Lourenço Marques em finais de 1941 e feito ali o 7º. ano. Funcionário dos Serviços de Administração Civil de Moçambique e colaborador do Rádio Clube de Lourenço Marques, onde dirigia a rubrica «Teatro em sua casa», ali se manteve até à morte, em Junho de 1959, de um cancro que se lhe declarou em Março do mesmo ano.
Colaborou com poesia em numerosos jornais e revistas, nomeadamente em: Paralelo 20 (1957), Beira, e Msaho (1952), Itinerário (1955) e Capricórnio (1958), todos de Lourenço Marques. Está representado na antologia Poetas Moçambicanos, de Luís Polanah, editada pela Casa dos Estudantes do Império, de Lisboa, em 1960.
Escreveu também teatro, de que teria, pelo menos, uma peça inédita já terminada, peça que desapareceu com a sua morte. Segundo o próprio, o seu teatro seguiria a experiência de Pirandello, Ibsen e Lorca.
Com o pseudónimo de Reinaldo Porto, fez parte, com Vasco de Matos Sequeira (que assinava Vasco Lisboa), de uma parceria que escreveu várias revistas que foram representadas por companhias de teatro de Lisboa de passagem por Moçambique.
Sobre a sua poesia, que saúda como a «inesperada revelação de mais um grande poeta português», José Régio escreveu no prefácio da segunda edição de Poemas (1966): «[...] pelas suas características, sempre seria um poeta contemporâneo dos poetas da presença. Creio que assim ficará sendo visto mais tarde, não obstante o pequeno desvio cronológico implicado nesta classificação temporal.»
Após a morte do poeta, alguns dos seus amigos reuniram num livro, a que deram o título de Poemas, o mais importante da sua obra poética, nomeadamente aqueles trabalhos que Reinaldo Ferreira vinha mais ou menos organizando para volumes a publicar e cujos títulos, que já lhes destinara, figuram à cabeça dos «livros» em que a obra se divide: «Um Voo Cego a Nada», «Poemas Infernais» e «Poemas do Natal e da Paixão de Cristo». A estas três partes, juntaram os organizadores do volume uma quarta a que deram o título de «Dispersos». O livro, que foi impresso pela Imprensa Nacional de Moçambique, em 1960, por influência do Secretário Geral da Colónia, antigo superior hierárquico de Reinaldo, foi organizado por Eugénio Lisboa, Fernando Ferreira e Guilherme de Melo, incluindo uma introdução do primeiro e um estudo do segundo a anteceder os «Poemas Infernais».
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. V, Lisboa, 1998