Augusto de Lacerda
[Porto Alegre/Brasil, 1864 - Lisboa, 1926]
Dramaturgo, poeta, romancista, teórico do teatro e jornalista, filho dos actores Carolina Falco e César de Lacerda (que foi também um dos autores mais representativos da segunda fase da dramaturgia romântica entre nós), encenador e professor do Conservatório, iniciou a sua carreira literária pelo jornalismo e fez a sua estreia teatral em 1884 com o acto em verso A Flor dos Trigais, a que se seguiram vários dramas e comédias de estirpe romântica.
Simultaneamente publicou romances (O Padre, 1886; O Juízo Final, 1896; O Rabi de Galileia e Aurora, 1904) e contos (As Filhas de Eva, 1882; A Pança, 1883), que progressivamente se acercaram da estética naturalista, respeitada na sua produção dramática ulterior, em que se destacam Terra Mater (1904), A Dúvida (1906), A Lei do Divórcio (1910), Telhados de Vidro (1914), Mártires do Ideal (1915) e Os Novos Apóstolos (1917).
Talhada pelo figurino francês dos começos do século, a sua obra tem como referentes imediatos os dramas de situações à maneira de Bataille e os dramas de ideias de François De Curel. A sua última peça, uma tragicomédia histórica de bem arquitectada efabulação, O Pasteleiro do Madrigal, subiu à cena em 1924, ano em que publicou um volume, teórico, O Teatro Futuro, «visão de uma nova dramaturgia», em que defende, sem se desprender inteiramente de certos preconceitos positivistas de mistura com vagos conceitos metafísicos, um teatro total que compreende «a arte do autor, do actor e do cenógrafo, em toda a sua complexidade.»
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. II, Lisboa, 1990