António Baptista
[Horta, 1867 - Capelo, 1927]
Dramaturgo e jornalista açoriano. No começo do século residiu algum tempo em Lisboa, onde fez jornalismo e frequentou o meio teatral. Nessa altura planeou e dirigiu a publicação de um monumental Álbum Açoriano, que saiu em fascículos de 1903 a 1909, com a chancela editorial Oliveira & Baptista (Raposo de Oliveira e António Baptista).
Escreveu e fez representar, dirigindo e interpretando ele mesmo, vários dramas e comédias e algumas peças de teatro musicado que se representaram na Horta desde o final do século XIX (1894) até cerca de 1920, sendo não só um dos autores mais fecundos da época mas também um actor distinto e um verdadeiro animador da vida teatral naquela cidade, onde, de resto, a arte dramática tinha longa tradição.
Ao mesmo tempo dedicou-se ao jornalismo, tendo fundado e dirigido vários jornais, como O Arauto, de que se publicaram cinco séries entre 1889 e 1921, O Torpedeiro (1889), A Crónica (1892), O Faial (1893), A Justiça (1910), O Náutilo (1919), O Aleijão (1919) e o Santelmo (1923). Além disso foi director da 3ª. (1906) e da 4ª. série (1909) de O Faialense um dos melhores jornais do Faial, a cuja história estavam ligados Miguel Street de Arriaga, J. A. Botelho Andrade, Florêncio Terra, Rodrigo Guerra e Marcelino Lima.
Segundo este último, António Baptista «escrevia com elegância um pouco literariamente, temperando cada escrito de combate com a verve da sátira, que por vezes escaldava como cautério».
Ainda cultivou o conto, em que debuxou do natural alguns retratos e episódios, ora a traço leve, com esbatidos românticos, ora em sanguíneas humorísticas.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. III, Lisboa, 1994