Fernanda de Castro
[Lisboa, 1900 - Lisboa, 1994]
Fernanda de Castro (1900-1994) nasceu em Lisboa. Viajando com seu marido, António Ferro (figura de relevo da vida política e cultural portuguesa da ditadura de Salazar), privou com figuras de renome do movimento modernista. A sua casa foi tertúlia de intelectuais e artistas como Sarah Afonso, Almada Negreiros, Ofélia e Bernardo Marques e, muito mais tarde, de poetas como José Carlos Ary dos Santos e Natália Correia.
Durante o Estado Novo, interessou-se pelo bem-estar das crianças portuguesas, criando «A Associação Nacional dos Parques Infantis».
A dimensão poética da sua escrita (é Autora de diversos livros de poesia para o público adulto) confere inegável qualidade às suas narrativas para crianças, de estilo leve e fluente, em alguns casos valorizadas pelas ilustrações de Sarah Afonso. É o caso de Mariazinha em África (1925), baseado numa evocação da sua infância na antiga colónia portuguesa da Guiné, em que ressalta um olhar deslumbrado pelo exotismo do povo africano, de que não está, contudo, ausente uma certa visão colonialista, até certo ponto característica da época; esta temática será retomada na peça de teatro O tesouro da Casa Amarela (1932) e no romance Novas aventuras de Mariazinha em África (1959).
O sabor oriental e a moralidade dos contos maravilhosos revelam-se em A princesa dos sete castelos (1963) e em Varinha de condão (1924), escrito de parceria com Teresa Leitão de Barros.
Dos diversos prémios recebidos pela Autora saliente-se o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças.
Bibliografia selectiva: Varinha de condão (1924), Lisboa: s.n. (em colaboração com Teresa Leitão de Barros); Mariazinha em África: romance para meninos (1925), Lisboa: Direcção Geral da Educação Permanente, 1973; A princesa dos sete castelos (1963), Lisboa: Direcção Geral da Educação Permanente, 1974; A Ilha dos Papagaios e outras histórias (1983), Lisboa: Verbo, 1988.
[Maria Luísa Sarmento de Matos]
02/2012