Joaquim Azinhal Abelho
[Nossa Senhora da Orada/Borba, 1911 - Lisboa, 1979]
Homem de teatro, poeta, ficcionista e investigador de etnologia rural, particularmente no que se refere à região do Alentejo. Os seus levantamentos etnológicos caíram por vezes no folclorismo tradicionalista e no pitoresco, sem substrato efectivamente científico, na esteira de muitos dos apologistas do Estado Novo, em busca de raízes históricas pretendidamente assépticas, sem ideologia. Licenciado pela Faculdade de Letras de Lisboa, dedicou grande atenção aos temas populares susceptíveis de serem teatralizados, tendo compilado e dado à estampa várias peças de teatro de todo o País. Fundou um grupo experimental, Teatro de Arco-da-Velha, que levou à cena teatro grego e alguns clássicos portugueses em espectáculos para operários e, em 1955, fundou e dirigiu, com Orlando Vitorino, o Teatro d' Arte de Lisboa, utilizando as instalações do Teatro da Trindade, para o qual traduziu obras de Graham Greene (A Casa dos Vivos), Lorca (Yerma) e Tchekov (As Três Irmãs). Realizou para o cinema os filmes O Alentejo não tem sombra, Para onde vais Maria, Eu Fui ao Jardim da Celeste e Fábula de Leitura. Como poeta e ficcionista os seus temas predilectos incidiam sobre a paisagem e costumes da sua província natal, dentro de um regionalismo folclorista, afinal prolongamento das suas investigações etnológicas. Colaborou na revista Mensagem (1938), dirigida por Telmo Felgueiras, onde publica (nº 4) uma "Exortação à Guerra" ao estilo futurista, e na revista 57; e dirigiu o jornal de poesia popular A Voz de Portugal. Foi ainda organizador dos cortejos do traje e históricos, realizados então na cidade de Évora, integrados em programas da feira de S. João, certame tradicional da cidade. Pertenceu à direcção da Associação da Defesa dos Direitos de Autor. Nos últimos anos dedicou-se ao desenho, retratando as fainas agrícolas e motivos religiosos.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. IV, Lisboa, 1997