Fernando de Araújo Lima
[Avintes/Vila Nova de Gaia, 1911]
Poeta, ficcionista, dramaturgo, ensaísta e jornalista.
Com o diploma de engenheiro-técnico, desde muito cedo foi trocando a profissão para que lhe apontava o curso, pelas Letras. Colaborador de vários jornais, com destaque para o O Diabo, dos anos trinta, estrear-se-ia em livro, como poeta, em 1933, com uma colectânea de sonetos, Figuras de Gelo. Em 1935, reincidiria, mas agora com uma colectânea de contos, Mulheres de Satanás, que a polícia de bons costumes do doutor Salazar logo apreenderia. Nos anos que se seguiram, de par com a sua actividade de colaborador de jornais e de divulgador cultural, Araújo Lima apresentaria algumas conseguidas experiências como dramaturgo.
Em 1955, por motivos óbvios, rumaria a Moçambique, onde, depois de uma meteórica passagem pelos serviços técnicos dos Caminhos de Ferro da então colónia portuguesa, ingressaria, como chefe dos serviços de informação, nos quadros do Rádio Clube de Moçambique, então a mais importante estação de rádio da África Austral, com emissões em português e inglês, estas últimas cobrindo, vinte e quatro horas por dia, toda a República da África do Sul, a Rodésia do Sul e a Suazilândia. Paralelamente assegurou durante alguns anos a página literária do jornal Diário, da capital de Moçambique, e manteve na estação em que trabalhava um programa de «Artes e Letras», de que era o autor.
Mas a sua acção de divulgador cultural não ficaria por ali, pois que se alargaria a uma não despicienda actividade como conferencista de temas literários, nomeadamente na Sociedade de Estudos de Moçambique, de cujo Boletim era colaborador, e na secção cultural da Associação dos Naturais de Moçambique, de cuja colecção de pequenos livros, Anambique, assinou um título.
Na segunda metade dos anos sessenta, provavelmente também por motivos óbvios, foi substituído no cargo de chefe dos serviços de informação do Rádio Clube de Moçambique, sendo colocado, pela direcção daquela estação afecta ao regime, como encarregado da biblioteca. Regressou de Moçambique em 1975, tendo fixado residência no Porto, onde vive e trabalha (1996). Coleccionador de autógrafos literários, é também grande conhecedor desta matéria.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. IV, Lisboa, 1997