Henrique Lopes de Mendonça
[Lisboa, 1856 - Lisboa, 1931]
Sobrinho do célebre folhetinista António Lopes de Mendonça, foi oficial da Marinha, tendo-se dedicado a estudos de história naval.
Professor de História da Escola Naval e da Escola de Belas-Artes de Lisboa, presidente da Academia das Ciências (1915), foi ainda o fundador da Sociedade Portuguesa de Autores (1925), de cuja assembleia geral foi o primeiro presidente.
O seu interesse pela história é notório no conjunto da sua produção literária, tanto nos dramas históricos de cunho neo-romântico como nas escrupulosas evocações de alguns dos seus romances, centrados em figuras exemplares da história pátria, nos quais põe um cuidado minucioso na reconstituição de usos, costumes, linguagem, armas, topografia.
Republicano convicto, Lopes de Mendonça mostra-se também sensível às figuras populares, que sabe movimentar no seu ambiente próprio, como a Alfama lisboeta do século XVI.
Interessado na renovação da dramaturgia nacional, as suas peças teatrais dividem-se pelos dois géneros mais cultivados nesse final do século XIX: o drama histórico em verso (O duque de Viseu, A Morta, Afonso de Albuquerque) e o drama naturalista de costumes (Amor Louco, Nó Cego, O Azebre), em que critica moderadamente a sociedade hipócrita e convencional da época.
Colaborou na tentativa de criação de uma ópera nacional, com os libretos das óperas A Serrana (musicada por Alfredo Keil), O Tição Negro, sobre temas vicentinos, e O Espadachim do Outeiro (estas últimas musicadas por Augusto Machado).
Com D. João da Câmara e outros escreveu as farsas Zé Palonso, e O Burro em Pancas e a peça fantástica A Aranha.
Colaborador de numerosos jornais e revistas, reuniu em vários volumes os folhetins saídos em O Comércio do Porto, sob a epígrafe Cenas da Vida Heróica, e publicou várias obras sobre figuras importantes da nossa história, como Camões e Afonso de Albuquerque.
O seu interesse pelos acontecimentos da história contemporânea levou-o a reagir violentamente contra o ultimato inglês com várias conferências e um «a-propósito patriótico», As Cores da Bandeira, cuja marcha final, musicada por Alfredo Keil, viria a ser adoptada como hino nacional, após a implantação da República.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. II, Lisboa, 1990