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Words to prince epaminondas, a lad with a great future

Words to prince epaminondas, a lad with a great future
WORDS TO PRINCE EPAMINONDAS,
A LAD WITH A GREAT FUTURE

Strip yourself of truths
the great before the small
your own before any others
dig a pit and bury them
at your side
first those that they imposed on you when you were still a docile child
and had no stain except for that of a strange name
then those that as you grew you painfully put on
the truth of bread     the truth of tears
for you are neither flower nor mourning nor consolation nor star
then those you won with your semen
where the morning raises high an empty mirror
and a child cries between clouds and an abyss
then those they’re going to place above your portrait
when you provide them with the great remembrance
they all expect so anxiously expecting it of you
Then nothing, just you and your silence
and veins of coral tearing at our wrists
And now, my lord, we can proceed across
the naked plains
your body with clouds upon its shoulders
my hands full with a white beard
There, there will be no delay no shelter no arrival
just a square of fire above our heads
a street of stone to the end of the lights
and the silence of death as we pass

© Translation: 2005, Richard Zenith



DISCURSO AO PRÍNCIPE DE EPAMINONDAS,
MANCEBO DE GRANDE FUTURO POEMA

Despe-te de verdades
das grandes primeiro que das pequenas
das tuas antes que de quaisquer outras
abre uma cova e enterra-as
a teu lado
primeiro as que te impuseram eras ainda imbele
e não possuías mácula senão a de um nome estranho
depois as que crescendo penosamente vestiste
a verdade do pão      a verdade das lágrimas
pois não és flor nem luto nem acalanto nem estrela
depois as que ganhaste com o teu sémen
onde a manhã ergue um espelho vazio
e uma criança chora entre nuvens e abismos
depois as que hão-de pôr em cima do teu retrato
quando lhes forneceres a grande recordação
que todos esperam tanto porque a esperam de ti
Nada depois, só tu e o teu silêncio
e veias de coral rasgando-nos os pulsos
Então, meu senhor, poderemos passar
pela planície nua
o teu corpo com nuvens pelos ombros
as minhas mãos cheias de barbas brancas
Aí não haverá demora nem abrigo nem chegada
mas um quadrado de fogo sobre as nossas cabeças
e uma estrada de pedra até ao fim das luzes
e um silêncio de morte à nossa passagem

© 1957, Mário Cesariny
From: Manual de Prestidigitação
Publisher: Assírio & Alvim, Lisbon, 2005
ISBN: 972-37-1007-2